Summary: | Passados 40 anos sobre o 25 de abril de 1974, é bom lembrar que foi em nome da ideia de democracia – desde logo da democracia laboral e sindical – que muitas e emblemáticas lutas ocorreram com sucesso em empresas e locais de trabalho. Ora, a crise económica que o país atravessa serve hoje de pretexto para um reavivar as lutas sociais, ainda que os tempos de austeridade também sejam tempos de receio de perda do que se conquistou e, portanto, momentos de medo e resignação. Em bom rigor, parece que continuamos diante de formas de luta pela democracia, mas de uma democracia que foi posta em causa quando ela própria se permitiu trocar a noção de avanço civilizacional pela noção de retrocesso civilizacional, tantos são os sinais de congelamento e remoção de direitos sociais e sindicais fundamentais com que hoje cidadãos e trabalhadores são confrontados. Neste texto fornecem-se alguns contributos para uma “sociologia da greve” em tempos de austeridade. Assim, entre outros pontos, o fenómeno da greve é aqui cruzado com uma série de registos analíticos: democracia, ideologia, temporalidades, impactos, etc.
|