Resumo: | O presente estudo pretende investigar o efeito de interferência do nível de atratividade e babyface das caras (nível elevado, baixo e médio) e da carga cognitiva (nível alto e baixo) numa tarefa de atenção. Adicionalmente pretendeu-se também estudar a influência do contexto no processamento destas características faciais, primando as pessoas para um contexto de crime (cenas de agressão ou ameaça de agressão, com arma de fogo ou arma branca) ou um contexto neutro (cenas de interação entre duas pessoas, mas com ausência de violência ou crime) antes da tarefa atencional. Dado que a literatura indica que as caraterísticas de atratividade e babyface podem estar em certa medida relacionadas, o presente estudo pretendeu estudar os efeitos de cada uma isoladamente. Assim, os conjuntos de caras selecionadas para os diferentes níveis de atratividade foram emparelhados no seu nível de babyface, e vice-versa. Este aspeto trouxe uma mais-valia e inovação ao presente estudo, por permitir avaliar o efeito de uma caraterística independentemente da outra. Foram analisados os tempos de reacção na tarefa de atenção, assim como a precisão das respostas (percentagem de acertos). Verificou-se uma influência negativa do aumento da carga cognitiva no desempenho na tarefa de atenção, confirmando que a mesma foi manipulada eficazmente. Os resultados desta investigação sugerem uma interferência das características faciais, com maior efeito de atratividade e babyface elevada, estando associadas a uma valência positiva, em que a primeira reflete o halo positivo de atratividade, e a segunda respostas de proteção. Contudo também se verificaram efeitos significativos de interferência da atratividade e babyface média na tarefa atencional, seria interessante ter este efeito em conta em futuros estudos destas características faciais. Verificou-se a interferência do contexto no processamento da atratividade, sendo que perante imagens de crime a atratividade baixa teve maior efeito e perante imagens neutras a atratividade elevada interferiu mais na tarefa atencional, indo de encontro às nossas hipóteses. Não se verificaram resultados significativos na interação do distrator de babyface e do contexto. Os resultados do presente estudo poderão trazer novas implicações para o estudo de características faciais, nomeadamente o efeito dos estereótipos faciais no processamento atencional, em que características positivas de babyface elevada e de atratividade elevada captam mais a nossa atenção. Para além disso, os resultados ilustram o potencial efeito do contexto, demonstrando que este pode ser determinante na activação de determinados estereótipos associados às características faciais, os quais podem interferir com os processos atencionais e tarefas concorrentes. Estas conclusões têm implicações para estudos sobre testemunhos oculares, em que estas variáveis podem conduzir a enviesamentos e erros na identificação de suspeitos.
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