Resumo: | Tal como vários membros do seu grupo familiar (Trava-Trastâmara-Palmeira-Tougues-Pereira), a personagem de Fernão Peres de Trava recebeu um tratamento laudatório em várias passagens dos nobiliários portugueses do século XIV (Livro do Deão e Livro de Linhagens do Conde D. Pedro) – muito por força da intervenção dos Pereira na escrita do Conde D. Pedro de Barcelos.Com efeito, tanto em LD19A2 como em LL13B2, Fernão Peres é descrito como um cavaleiro exemplar e padrinho de investidura do conde D. Mendo, o Sousão, de Fernão Rodrigues de Castro e de D. Pedro Arazo de Aragão. Devido a uma falha na edição deHerculano do Livro do Deão, onde se exclui a figura de D. Mendo desta passagem, nenhum filólogo ou historiador tirou as devidas interpretações sobre a natureza (real ouficcional) e importância discursiva destas passagens, dentro do contexto da escritagenealógica medieval, ou relacionou-as com os primórdios da investidura cavaleirescano Ocidente Peninsular (durante os inícios do século XII).Neste artigo, tentaremos analisar a falha na transmissão textual provocada porHerculano, inscrever estas lições na retórica discursiva em torno dos primórdios dainvestidura cavaleiresca e definir as aportações que podem trazer à verdadeiraexpansão deste fenómeno.
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