Summary: | A presente investigação insere-se no campo de estudo da Supervisão, enquadrada na questão de investigação: “Como se caracterizam os processos de supervisão e de que modo são usados para o desenvolvimento profissional e organizacional da escola, nos contextos escolhidos?” Tentamos, através do estudo, detetar, analisar e compreender as características fundamentais da supervisão na sua vertente de liderança e de formação. Como é sentida e como pode ser funcional. Verificar se a supervisão é um discurso apenas, ou um conceito que se institui como um pilar basilar da Escola. A proposta de realização desta pesquisa fundamentou-se na experiência profissional nas realidades escolares, em causa. Neste estudo propusemo-nos compreender a forma como a Supervisão é aplicada nas Escolas do 2º e 3º Ciclo de três Agrupamentos do distrito do Porto, de contextos geográficos, sociais e económicos diferenciados, e percecionada pelo universo dos seus professores. Pretendeu-se saber quais as conceções de supervisão existentes e a forma como as mesmas são aplicadas e perspetivadas nestas realidades escolares. Pudemos concluir, nestes três contextos que, num deles, existia uma supervisão que era realizada por pares, numa linha informal, de colaboração entre os colegas, onde nas reuniões de grupos disciplinares se delineavam estratégias de trabalho comuns, se concebiam e partilhavam materiais, onde se discutiam práticas e se procurava apoio, e ainda onde se pedia para os colegas irem às aulas uns dos outros; noutro dos contextos a supervisão não existia, sendo o ónus da inexistência desta prática na burocratização associado à resistência dos professores onde é confundida com a avaliação de professores; e, por fim, noutro dos contextos, havia uma supervisão enunciada nos documentos, que é incentivada pelos órgãos de chefia, mas que relutantemente é aceite pelos docentes, uma supervisão bem estruturada em termos de documentos, que é incentivada pelos coordenadores de departamento, onde é feita com auxílio de observação de aulas em sala de aula. Perscrutou-se a perspetiva dos professores. Procurou-se alargar a visão deste processo supervisivo auscultando as opiniões dos Presidentes do Conselho Geral e Diretores de Agrupamento, onde o presente estudo foi efetuado.Participaram neste estudo, de natureza qualitativa, os Presidentes do Conselho Geral e Diretores de Agrupamentos a quem se aplicou um inquérito por entrevista e professores do 2º e 3º ciclo, que responderam a um inquérito por questionário, realizado on-line, porque se mostrou ser a forma mais adequada face ao objetivo do estudo. Com este instrumento, procurámos compreender, de forma extensiva no universo considerado, as dinâmicas desenvolvidas no âmbito da Supervisão Dentre as conclusões do nosso estudo destacamos as contradições existentes, nas opiniões expressas pelos docentes, quanto à forma como as práticas e visões supervisivas, são sentidas. A Supervisão associada à Avaliação provoca reações de oposição, resistência e descrença no processo supervisivo, condicionando a prática da Supervisão, nomeadamente, se esta for exercida com observação de aulas. Fora do contexto da sala de aula a Supervisão é vista como uma melhoria da ação, de cada um, enquanto docente. Assim a aplicação da Supervisão pode até ser vista como uma oportunidade para a introdução de melhorias na prática letiva, desde que não implique aulas assistidas. Relativamente ao desenvolvimento profissional e organizacional, a supervisão, é considerada uma mais-valia. A necessidade de trabalhar em lógicas de equipa causou estranheza e contaminou a forma de ver o Agrupamento nas suas funções hierárquicas. Contrariamente ao que é senso comum, o Agrupamento não se manifesta como uma instituição horizontal, em que todos os atores se encontram numa perspetiva linear, mas sim uma organização piramidal e é a forma como os intervenientes se relacionam e visionam a intervenção do outro que marca a diferença.
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