Summary: | A análise pelas ciências sociais, da relação que os indivíduos estabelecem e mantêm com os lugares intensificou-se na segunda metade do século XX e o conceito de apego ao lugar é um dos mais utilizados para descrever essa relação. Este trabalho teve como objetivo principal a compreensão da relação que os residentes da Fuzeta estabelecem com a Ria Formosa aquando das suas atividades e experiências. No entanto, apesar da abundante utilização do conceito de apego ao lugar, a fase de desenvolvimento conceptual em que este se encontra e a inexistência de trabalhos em Portugal sobre o apego a Parques Naturais lagunares, como o Parque da Ria Formosa, revestem este trabalho de um caráter exploratório e levam à necessidade de propor uma definição própria e uma operacionalização mais globalizadora. Assim, partiu-se do entendimento de que o apego ao lugar são os apegos dos indivíduos aos lugares que decorrem de processos de atribuição de significados importantes e ligações afetivas aquando de atividades e experiências que estes desenvolvem, já desenvolveram ou esperam desenvolver com os elementos físicos, sociais ou culturais de um ou mais lugares, envolvendo também a preferência pelo lugar, a perceção da sua insubstituibilidade e os aspetos que podem aumentar, enfraquecer ou quebrar o respetivo apego. Foram entrevistados 26 residentes da Fuzeta que praticam uma ou mais atividades de lazer ou profissionais e os resultados indicam que estes têm um forte e multidimensional apego à Ria Formosa. Esse apego está relacionado com significados, valores, emoções, sentimentos, preferências e perceções de insubstituibilidade do lugar ancorados em elementos físicos, sociais e culturais do lugar ou em combinações desses elementos.
|