Resumo: | Em Le Sopha e Ah quel Conte!, Crébillon recorre à extravagância para problematizar o exotismo maravilhoso na literatura coeva e propor uma reflexão sobre questões de natureza moral e política. Metempsicose, metamorfoses, encantamentos, extraídos do vasto fundo de motivos do conto maravilhoso, alimentam a imaginação criadora do autor, que, fiel à ironia da sua poética do jogo, se serve da bizarria feérica e orientalizante para criticar os costumes, à maneira da comédia molieresca. O desvelar decente das máscaras sociais insere-se numa busca do verdadeiro amor, o qual não corresponde à ideologia preciosa, mas deve integrar harmoniosamente “le coeur, l’esprit et les sens”, algures entre o amor puro inacessível e o puro desejo mascarado de falso sentimento. Estes contos galantes orientais são, pois, obras ao serviço de uma visão irónica e céptica da sociedade.
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