Controlo da atenção em contexto social na esquizofrenia : efeito da carga percetiva no processamento de expressões faciais

A esquizofrenia é uma das doenças mais severas e incapacitantes do foro psiquiátrico. Estudos anteriores indicam que os pacientes com esquizofrenia têm dificuldades em identificar, discriminar e reconhecer expressões faciais. Analogamente, outros estudos sublinham a existência de prejuízos nos proce...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Grave, Joana Filipa da Quinta (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2015
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/14658
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/14658
Description
Summary:A esquizofrenia é uma das doenças mais severas e incapacitantes do foro psiquiátrico. Estudos anteriores indicam que os pacientes com esquizofrenia têm dificuldades em identificar, discriminar e reconhecer expressões faciais. Analogamente, outros estudos sublinham a existência de prejuízos nos processos de controlo da atenção, que indicam que informação deve ser atendida e que são responsáveis por direcionar a atenção para a informação relevante. A interferência de estímulos irrelevantes pode ser determinada pelo nível de carga percetiva da tarefa (Lavie, 1995, 2005). Porém, quando estes estímulos são biologicamente significativos (e.g., faces humanas), o seu processamento (automático e preferencial) tende a não ser afetado pelo nível de exigência da tarefa. Os indivíduos com esquizofrenia parecem ser especialmente sensíveis à presença de distratores emocionais. Contudo, até ao momento, não foi examinado este efeito em função da carga percetiva. O presente estudo teve como objetivo verificar se os pacientes com esquizofrenia são mais sensíveis ao processamento de estímulos emocionais irrelevantes, mesmo em tarefas que exigem uma elevada quantidade de recursos atencionais. 22 participantes com esquizofrenia ou perturbação esquizoafetiva e 22 participantes sem perturbação mental (com idades e sexo equivalentes) realizaram uma tarefa de discriminação de letras-alvo com estímulos emocionais irrelevantes (expressões faciais de raiva, de nojo, alegres e neutras). As letras-alvo eram acompanhadas por cinco letras distratoras, que podiam ser iguais (condição de carga percetiva reduzida) ou diferentes (condição de carga percetiva elevada). Era solicitado aos participantes que discriminassem a letra-alvo, entre as letras distratoras, e que ignorassem a expressão facial apresentada. Foram analisados os tempos de resposta e as taxas de acerto da tarefa de discriminação. Os resultados indicaram que os pacientes (em comparação com o grupo de controlo) eram mais suscetíveis à interferência dos estímulos irrelevantes, especialmente na condição de carga percetiva elevada, o que é consistente com a existência de prejuízos no controlo da atenção. Também nos pacientes, as faces alegres resultaram numa maior interferência quando a tarefa era mais exigente. Contrariamente, as faces neutras foram as que menos interferiam, imediatamente seguidas das faces de raiva. Deste modo, os resultados sugerem que os indivíduos com esquizofrenia apresentaram um enviesamento atencional para faces alegres e comprometimentos ao nível do reconhecimento de faces ameaçadoras (i.e., de raiva). Este estudo forneceu uma nova visão sobre os prejuízos atencionais em contexto social na esquizofrenia.