Resumo: | A presente dissertação tem como objectivo estudar a produção arquitectónica em Angola e Moçambique durante as décadas de 50 e 60 do século XX enquadrando-a na difusão e recepção de modelos veiculados pelo Movimento Moderno. O estudo parte de um argumento inicial assente na constatação de um predomínio da absorção e interpretação do vocabulário e das doutrinas defendidas por Le Corbusier e de uma aproximação à plasticidade e ao léxico da arquitectura moderna brasileira nas obras construídas nestes territórios africanos. Propõe-se uma contextualização teórica e histórica dos diversos temas relativos à disseminação do Movimento Moderno. A análise da doutrina difundida por Le Corbusier, a migração dos modelos modernos no segundo pós-guerra e a diáspora dos arquitectos num contexto de globalização, o caso particular da Arquitectura Moderna Brasileira e a interpretação do modelo moderno em Portugal são os elementos chave para a análise e leitura das obras produzidas nos territórios africanos sob o domínio colonial português. Depois de se determinar a especificidade da obra moderna produzida em Angola e Moçambique e de se estudar os percursos dos seus principais autores, o enfoque do estudo é colocado nas obras de encomenda privada, dos casos da habitação unifamiliar ou colectiva à análise de equipamentos colectivos, confrontando-as com os seus modelos de referência. O estudo aprofundado destes edifícios permite não apenas entender o processo de absorção e interpretação dos modelos internacionais mas também tentar responder à aparente contradição entre a condição colonial da sociedade e a afirmação de progresso e modernidade das obras. Hoje, num contexto pós-colonial, esta investigação pretende contribuir para a valorização do património arquitectónico do Movimento Moderno construído em África, no quadro dos estudos de Arquitectura portuguesa do século XX.
|