Summary: | A Revolução Industrial é um período de grandes mudanças sociais e económicas. A produção artesanal é gradualmente substituída por sistemas fabris e o trabalho humano por máquinas, levando assim à criação de novas dinâmicas sociais, novas necessidades e à construção, em massa, de edifícios capazes de albergar esta nova mudança de paradigma. Pode afirmar-se que muitas destas cidades que passaram por um período industrial estão a passar por outra fase distinta, a chamada fase “Pós-Industrial”, em que muitos dos edifícios industriais construídos caíram em desuso e parte das grandes cidades perderam a sua componente de produção industrial. Assiste-se assim a um processo de terciarização das cidades, com uma maior aposta em serviços e comércio, sendo que este tipo de cidades se destaca pela aposta e investimento em setores como o lazer, o turismo ou a cultura, muitas vezes como forma de tornar a cidade mais “apetecível” nesta sociedade cada vez mais globalizada. É neste contexto que começam a surgir as diversas intervenções, ou refuncionalizações de antigos edifícios de índole industrial. Estas intervenções são vistas como uma forma de regenerar tecido urbano, especialmente em ex-zonas industriais e como uma forma de manter uma certa memória associada a este tipo de edifícios, representativa da fase industrial da cidade. Agora a cidade atravessa outra fase, uma fase Pós-Industrial, onde as fábricas dão espaço a novos sectores. Um caso muito significativo deste fenómeno é a zona oriental de Lisboa, Marvila. Sendo um dos maiores núcleos industriais de Lisboa e já com maior parte das indústrias e oficinas encerradas este tipo de intervenção começa a ser bastante comum. Nesta zona em específico, verifica-se um grande crescimento nas áreas relacionadas com cultura (com a abertura de diversos ateliers e salas de exposições) ou com a gastronomia (abertura de vários restaurantes, cervejarias artesanais ou novos bares), por exemplo. Assim a refuncionalização de edifícios industriais surge como uma resposta às novas necessidades da cidade. Mas este trabalho pretende também realizar uma análise crítica, contextualizando, destacando e tentando compreender os seus impactos negativos, quer a níveis sociais, económicos, urbanos e arquitetónicos, abordando também questões patrimoniais envolvidas neste tipo de intervenções.
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