Resumo: | A Caixa Geral de Depósitos (CGD) é o maior banco comercial a operar em território português. Detido exclusivamente pelo Estado Português, no contexto da crise financeira mundial que se desenvolveu a partir do quarto trimestre de 2008, apresentou um desempenho negativo. Notícias de alarme público nos media (Barroso, 2019) relativas ao afastamento do banco da sua missão e a falta de gestão prudente relativamente a determinadas decisões e estratégias da CGD conduziram o Parlamento português à realização de um inquérito parlamentar para averiguar a gestão do banco (Almeida, 2019). A relevância da CGD como instrumento de política económica para o Estado Português e, por consequência, para a economia portuguesa, é por demais evidente. Este estudo de caso tem como objetivo compreender se os utilizadores da informação financeira prestada publicamente pela CGD poderiam ter observado sinais de alerta suficientes de anomalias na informação. Explorou-se o período entre 2008 e 2019, isto é, desde o início da crise financeira até à atualidade, pela aplicação das “bandeiras vermelhas” de fraude nas demonstrações financeiras utilizadas no estudo de Yucel (2013). Das 14 bandeiras vermelhas analisadas, 8 apresentam indícios de anomalias relacionados com os prejuízos, transações significativas de concessão de financiamentos de elevado risco de crédito e falhas no controlo interno e tomada de decisões. Não está concluída a investigação judicial sobre a ocorrência de fraude na CGD. No entanto, através deste estudo de caso, evidencia-se que os sinais de alerta patentes nas demonstrações financeiras no período em análise indicam a possível existência de fraude.
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