Summary: | A considerável complexidade das organizações de saúde torna-as permeáveis à ocorrência de acidentes, tornando-as menos seguras que o desejável. Um conjunto substancial de estudos aponta os erros médicos como uma potencial causa de morte ou lesão do utente. A redução dos erros clínicos tornou-se uma questão central e incontornável na esfera das preocupações da saúde a nível internacional, que visa melhorar a performance organizacional através da promoção da segurança clínica, pelo que têm sido desenvolvidos e estudados diversos paradigmas que a influenciam. Uma cultura fundamentada na gestão do erro permite uma aprendizagem que promove a melhoria da qualidade dos cuidados, tornando as organizações mais fiáveis e portanto mais sensíveis à performance organizacional. A presente investigação focalizou-se em duas Unidades de Cuidados Intensivos (das quais apenas uma possui sistema de gestão da qualidade certificado) por se tratar de serviços caracterizados pela elevada complexidade e incerteza, em que os erros se devem essencialmente a causas humanas e do sistema organizacional. O estudo teve por objectivo conhecer a percepção dos profissionais de saúde dessas unidades relativamente à fiabilidade, coordenação relacional, aprendizagem organizacional e performance, como factores indutores da melhoria contínua dos cuidados de saúde. Estudou-se, ainda, a influência e o peso das diferentes dimensões das variáveis em causa na performance organizacional. O tratamento estatístico dos dados revelou que a coordenação relacional, a aprendizagem organizacional e a fiabilidade organizacional exercem impacto na performance dos cuidados de saúde. A variabilidade da performance é explicada em 18% pela coordenação relacional, 28.5% pela aprendizagem organizacional e 37.3% pela fiabilidade organizacional, quando estas são analisadas individualmente. Verificou-se, ainda, que o vínculo contratual influencia na coordenação relacional, que a certificação da qualidade influencia a fiabilidade do serviço prestado, contrariamente ao grupo profissional que não exerce qualquer influência. Concluiu-se que o modelo conceptual mais adequado para explicar a variabilidade da Performance Organizacional (63%) integra o conjunto das variáveis aprendizagem organizacional, fiabilidade organizacional e coordenação relacional, bem como as diversas dimensões dos dois últimos paradigmas.
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