Resumo: | O espaço público é protagonista do debate que, no passado e ainda hoje, diz respeito à cidade e, nomeadamente, à vida da cidade. Esta especificação é fundamental na abordagem da hipótese que se apresenta neste trabalho. Neste âmbito, seria simplista pensar na cidade apenas em relação à arquitetura do espaço construído. O uso do espaço da cidade é um conceito que introduz assim o sujeito que a confronta. Por isso, é cada vez mais difícil no cenário contemporâneo, perceber o papel e as caraterísticas (ideais e reais) que definem o espaço da cidade na sua aceção de público. Principalmente porque, como aprendemos com os ensinamentos da história, o espaço público é um reflexo da sociedade em contínua transformação e retrata as suas caraterísticas mais salientes. Um rápido percurso sobre a evolução do conceito de espaço público urbano permite esboçar o quadro temporal no qual esta pesquisa se insere. A primeira parte desta reflexão tem como objetivo investigar a crise que assola o espaço público e, logo a seguir, analisar o impacto que algumas experiências tiveram na sua reconquista. Seguindo o exemplo que Venturi nos dá ao analisar as novidades que Nolli introduziu e que ainda hoje são atuais, queremos aprofundar o limite entre o público e o privado, aproveitando os conceitos desenvolvidos por Habermas e reinterpretados nas aulas práticas de Hertzberger. Em seguida, identificamos duas principais caraterísticas que distinguem uma nova leitura do espaço público, que se torna uma ferramenta ativa na abordagem das criticidades urbanas. Para concluir, focamo-nos no espaço público como ideal do bem comum, já expresso de modo eficaz no trabalho de Lorenzetti. Sugestões para o desenvolvimento da proposta dum novo espaço público para Lisboa compõem esta “Allegoria scomposta dello spazio pubblico” com o intuito de abrir uma questão complexa sem a reduzir ou sem a encerrar num conceito.
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