Resumo: | A reabilitação tem sido uma disciplina que tem vindo a suscitar cada vez maior interesse e destaque, tanto como área de estudo do ponto de vista ideológico e técnico, como alternativa à construção nova, tanto pela saturação dos atuais tecidos urbanos, como meio de preservação dos valores culturais das sociedades antepassadas. Da perspetiva de edifício isolado, o âmbito da reabilitação foca a atualização e a adequação dos imóveis aos atuais requisitos de uso. No entanto, reabilitar um edifício não é somente torná-lo habitável ou dotá-lo de um uso exequível e pragmático: é interpretar uma existência, identificar os seus valores e características intrínsecas e notáveis, salvaguardando-as e conjugando-as com a atualidade, por forma não só a criar um conjunto uníssono e coerente, que reporte a memória da sua época, mas também um organismo vivo do habitar quotidiano. Para tal, é necessário ir para além da mera intervenção de cosmética ou de divisão espacial do edifício. É fundamental, de acordo com a legislação nacional vigente, adaptá-lo às atuais exigências e padrões de habitabilidade, sendo muitas vezes obrigatório a introdução de novas infraestruturas. Sendo um âmbito relegado quase sempre às disciplinas da engenharia, as infraestruturas têm sido, de modo algo generalizado, desvalorizadas pelos arquitetos na metodologia de conceção dos projetos, remetendo-as frequentemente para segundo plano. Porém, propor-se a realizar um projeto de reabilitação sem se ter em conta as infraestruturas necessárias para o eficiente funcionamento do edifício, não deixa de ser uma forma errónea de se projetar, onde dificilmente o plano encaixará de forma orgânica e natural na pré-existência, podendo resultar numa intervenção acrescida e uma consequente descaracterização dos valores patrimoniais do imóvel, originando um aumento de custos desnecessários e subsequentes reformulações do projeto arquitetónico e de execução da obra de construção civil. Assim, as várias infraestruturas devem ser tomadas em consideração, acompanhando todo o processo de desenvolvimento do projeto, tornando-se necessário o conhecimento das várias tecnologias e metodologias envolventes, por forma a melhor poder compatibilizar as suas características técnicas com as opções formais, espaciais e estéticas idealizadas, traduzindo-se numa intervenção eficiente, tanto em termos de habitabilidade como de preservação dos valores patrimoniais do imóvel.
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