Summary: | O presente trabalho de investigação consiste num estudo de natureza exploratória cujo tema diz respeito ao regresso ao trabalho das mulheres após a Licença Parental. Foi procurado responder à questão “Com que dificuldades é que as mulheres se deparam no regresso ao trabalho após a Licença de Maternidade?” Esta pergunta de partida conduziu-nos ao objetivo geral de analisar as dificuldades com que as mulheres se deparam no regresso ao trabalho após a Licença Parental. Para atingir este objetivo geral definimos os seguintes objetivos específicos: identificar as principais preocupações com que as mulheres se deparam após o regresso ao trabalho; analisar as práticas organizacionais facilitadoras do processo de regresso ao trabalho; identificar os principais dilemas com que se deparam as mulheres nesse regresso; caracterizar as dificuldades sentidas pelas mães no que diz respeito à conciliação trabalho-família e analisar a forma como as mulheres que regressam ao trabalho conciliam a vida profissional com a vida familiar/pessoal. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, dado que o que pretendemos é a compreensão do fenómeno social em causa, e exploratória, uma vez que estamos perante um fenómeno que só recentemente começou a ser estudado, nomeadamente em Portugal. O método de recolha de dados foi a entrevista semiestruturada, realizada a uma amostra por conveniência, composta por oito mulheres. De forma a tratar a informação recolhida, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo. Como principais resultados, foram identificados os principais dilemas com que as mulheres se deparam antes e após o regresso ao trabalho, dizendo estes respeito ao momento em que deixam de trabalhar e entram em Baixa por Gravidez e à tensão sentida no momento de regressar ao trabalho, entre voltar à rotina profissional e deixar o filho(a) ao cuidado de terceiros. Após este regresso, as principais preocupações das mães centram- se no bem-estar dos filhos durante a sua ausência, ao pouco tempo que poderão ter para estes, ao medo de se sentirem “desenquadradas” no trabalho por o seu posto de trabalho ter sido reestruturado e de não serem capazes de responder a 100% às expetativas da empresa. As dificuldades na conciliação da vida profissional com a vida familiar/pessoal passam sobretudo pela sensação de falta de tempo, cansaço e constantes desencontros familiares, consequência do trabalho por turnos e a tempo inteiro, e pela ausência de práticas organizacionais facilitadoras da conciliação. Estas práticas, para as mulheres entrevistadas, passam sobretudo pela facilidade em trocar horários e folgas e pela existência de folgas ao fim de semana. A principal atenuante destas dificuldades de conciliação passa pelo recurso ao apoio dos avós, que são o principal apoio no cuidado dos filhos. O tempo livre das mães entrevistadas é agora substituído pelo tempo dedicado aos filhos e à esfera doméstica, onde elas tendem a assumir o principal papel.
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