Resumo: | O objetivo deste trabalho foi propor uma metodologia que avalia a qualidade do ambiente interior das edificações de cantinas, através da perspectiva do utente, auxiliando na definição de medidas de reabilitação do espaço. A interação dos limites de conforto previstos na legislação com as atividades realizadas no espaço podem não resultar no conforto adequado ao utilizador [1]. Edifícios anteriores aos anos de entrada em vigor dos regulamentos não eram obrigados a cumprir com limites de conforto e por isso, também podem apresentar problemas. As duas situações descritas anteriormente podem derivar na necessidade de medidas de reabilitação no espaço. Para definir quais as medidas mais adequadas, tendo como protagonista o utilizador do espaço, é recomendada a adoção da metodologia apresentada nesse trabalho. Essa metodologia foi elaborada a partir da adaptação da estratégia SOBANE – Screnning, Observation, Analysis and Expertise – a museus, conhecida por Environmental and Energy Performance (EEP). Na primeira etapa, Screnning, é feito um diagnóstico da qualidade energética e do ambiente interior. Na segunda, Observation, é feita uma pesquisa entre os utentes para avaliar como se sentem no edifício, através de um questionário, e é definido o perfil de consumo de eletricidade. Através dos dados recolhidos nas duas primeiras etapas identificam-se os motivos de desconforto no espaço interior e a falta de eficiência dos sistemas. Na etapa seguinte, Analysis, são feitos ensaios técnicos para perceber as características físicas das variáveis associadas ao desconforto para que, na última etapa, Expertise, possam ser feitas sugestões de reabilitação do espaço integradas a todos os aspectos do conforto humano e eficiência energética. As duas primeiras etapas foram testadas no edifício da cantina do IPB, em Bragança. Os resultados obtidos através do questionário caracterizaram a cantina como um ambiente sem corrente de ar (63%), com o ar abafado (61%), um espaço limpo (75%), com a temperatura alta (63%) e com ruído (80%), principalmente por conversas (56%), seguido pelo ruído dos equipamentos da cozinha/equipa (26%). O perfil de consumo de eletricidade não apresentou contradições. As defasagens observadas entre os picos estimados e os picos monitorados de consumo de eletricidade foram atribuídos a variação das ementas e suas particularidades de preparo. Por fim, foi definido um Indicador Técnico-Financeiro Descritivo e obteve-se que 0,26 Euros foram gastos por refeição com energia em 2016 e 0,27 Euros em 2017. Esses custos representam, respectivamente, 11% e 12% do valor pago pelos utentes no prato principal servido na Sala Geral.
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