Summary: | Saramago, no papel de autor-narrador do seu romance O Evangelhos Segundo Jesus Cristo, procura convencer o leitor da veracidade do «seu evangelho», qual arauto de uma nova «doutrina», que reputa a mais adequada ao tempo actual, desconstruindo a pessoa de Deus Pai e a de seu Filho Jesus Cristo, tal como aparecem nos Evangelhos canónicos, para, em seu lugar, erigir um homem à medida humana, paradoxalmente por ele re-sacralizado e re-divinizado numa dimensão secularista, que descredibiliza as “perversas projecções”, por parte dos cristãos/católicos, de um Deus e de um Cristo irreais e de um Cristianismo/Catolicismo perverso, “negro”, na sua essência e acção na história e que é a raiz de todos os «males». Contudo, Saramago, no papel referido, não viu o reverso da medalha, nem para isso revela ter feito o menor esforço. Mas esse reverso existe e uma „Contraproposta‟, como a apresentada na Dissertação, alicerçada em autores consagrados, consegue dar-lhe lustro e credibilidade. Na verdade, se o Deus e o Jesus Cristo de Saramago são “entidades abstractas” e o Cristianismo/Catolicismo uma “perversão” já o mesmo não poderemos dizer do Deus e do Jesus Cristo dos Evangelhos canónicos e da Tradição autêntica. Evangelhos canónicos e Tradição autêntica que revelam, em Cristo, o verdadeiro Rosto de Deus e o ansiado Messias, fundamentando na fé, na razão e na vida a gradual aproximação do ser humano ao mistério do mal, do sofrimento e da morte e tornando o homem mais humano, ou verdadeiramente humano, porque, para além de consagrarem a sua dignidade „já-aqui‟, a projectam na incessante procura de sentido e nos fins últimos, na consecução da almejada «Plenitude», na posse do «Mistério do Ser».
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