Summary: | Esta dissertação tem como objetivo investigar a aquisição de estruturas com subida de clítico por crianças falantes nativas de PE, a fim de verificar o padrão de colocação do clítico. Para tal, aplicou-se um teste experimental de produção induzida a 64 crianças falantes monolingues de PE e a um grupo de controlo de 21 adultos. As crianças foram divididas em dois grupos: pré-escolar (crianças entre os 5 e os 6 anos de idade) e escolar (crianças entre os 6 e os 8 anos de idade). O teste considerou diversas variáveis, nomeadamente o tipo de verbo e a presença/ausência de proclisador. Os verbos testados incluem um verbo de subida obrigatória (ter+particípio passado), verbos de subida opcional (querer, ir e conseguir) e verbos de subida desfavorável (decidir, odiar e gostar de). Relativamente ao proclisador, recorreu-se apenas à negação. A tarefa da criança consistia em responder à questão colocada pela investigadora sobre as imagens que lhe eram apresentadas. Como complemento do teste de produção induzida, procedeu-se à análise de um corpus de produção espontânea retirado do CHILDES, o qual incluía produções de três crianças e dos adultos que com elas interagem. Os resultados do teste de produção induzida mostram que as crianças preferem a subida em oposição à não subida em contextos de subida opcional, sendo essa preferência mais evidente no grupo pré-escolar. O grupo de controlo, por outro lado, preferiu a não subida. Todos os grupos foram sensíveis à presença do proclisador, havendo uma taxa de subida de clítico mais elevada neste contexto em relação ao contexto de ênclise. No que diz respeito ao tipo de verbo, concluiu-se que as crianças possuem conhecimento lexical acerca dos verbos que permitem ou desfavorecem a subida, uma vez que, em todos os grupos, os verbos de subida desfavorável obtiveram uma percentagem de subida de clítico bastante mais reduzida do que os verbos de subida opcional. No entanto, este conhecimento desenvolve-se gradualmente e ainda não se encontra estabilizado no 1º ciclo. Houve, ainda, diferenças nas taxas de subida para cada verbo, registando o verbo gostar de a percentagem mais baixa de subida. Este resultado confirma que há conhecimento acerca da preposição de como inibidora de subida. Os dados de produção espontânea mostram uma tendência diferente no grupo dos vi adultos, com uma clara preferência pela subida de clítico com verbos de subida opcional, contrariamente ao que se verifica em produção induzida. Quanto às produções das crianças, verifica-se que as primeiras ocorrências de subida de clítico se registam no período dos dois anos e que as crianças não passam por um período em que usam apenas a não subida. Este resultado é semelhante aos resultados do estudo de Rodríguez-Mondoñedo, Snyder & Sugisaki (2006) para o espanhol. Desta forma, conclui-se que a subida de clítico será uma propriedade fixada cedo, estando disponível desde tenra idade.
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