Resumo: | O objectivo desta dissertação consiste em retratar de forma clara o dragão no imaginário nórdico medieval, procurando esclarecer sobre este três questões gerais: qual a morfologia da criatura no imaginário nórdico; quais as principais obras, lendas e motivos narrativos em que aparece; e quais as interpretações simbólicas que podem ser dadas à presença do dragão. Ao longo do trabalho, tentou-se entender se haveria algo de idiossincrático no dragão nórdico, tendo-se uma preocupação em traçar na literatura em nórdico antigo aquilo que seriam possíveis heranças clássicas e do saber letrado da Europa cristã continental. No cerne dos trabalhos estão as sagas islandesas pertencentes aos subgéneros fornaldarsögur (“sagas lendárias”) e riddarasögur (“saga de cavalaria”, traduzidas e autóctones), embora inevitavelmente se tenha recorrido a uma panóplia mais vasta de fontes. Na dissertação, como parte do percurso que antecede o estudo do dragão nórdico, foi abordado o contexto literário nórdico antigo no sentido de esclarecer as características particulares da saga enquanto subgénero narrativo. Foi também estudado o dragão como ele aparece em fontes da Antiguidade e na restante Europa medieval, com o objectivo de fornecer um plano de contexto para a figura do dragão nórdico, permitindo traçar comparações e entender origens. No final da tese, chegou-se a um entendimento do dragão nórdico que coloca a lenda dos Volsungos e o conflito entre Sigurðr e Fáfnir enquanto principal narrativa de dracomaquia nórdica, apontando-se nela os principais vectores ao longo dos quais os dragões de outras sagas se movimentam: o tesouro, a metamorfose e a prova maior de coragem para o herói nórdico.
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