O papel do farmacêutico nos primeiros socorros em intoxicações

As intoxicações humanas representam uma importante causa de morbidade e mortalidade a nível nacional e internacional. A prevenção é a melhor estratégia, mas o reconhecimento da sintomatologia e a prestação adequada e atempada de primeiros socorros em casos de intoxicação pode minorar as suas consequ...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Castro, Simone Martins de (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2022
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10284/9597
Country:Portugal
Oai:oai:bdigital.ufp.pt:10284/9597
Description
Summary:As intoxicações humanas representam uma importante causa de morbidade e mortalidade a nível nacional e internacional. A prevenção é a melhor estratégia, mas o reconhecimento da sintomatologia e a prestação adequada e atempada de primeiros socorros em casos de intoxicação pode minorar as suas consequências. O Farmacêutico Comunitário, sendo o profissional de saúde mais acessível à população, tem um papel chave na educação para a prevenção de situações de risco relacionadas com medicamentos, como os ansiolíticos e antidepressivos, e outras substâncias não farmacêuticas potencialmente tóxicas, como a lixívia, bebidas alcoólicas, pesticidas, entre outros. A prevenção assume particular relevância sobretudo nas crianças e idosos, que são grupos populacionais mais suscetíveis a intoxicações acidentais. Além disso, é frequentemente confrontado com situações de emergência médica, devendo proceder em cada situação de acordo com as melhores práticas e de modo harmonizado com o Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM). Neste trabalho pretendeu-se efetuar primeiramente uma revisão da literatura sobre a etiologia das intoxicações humanas, as vias de contacto com o tóxico e medidas gerais de socorro em caso de contacto com os olhos, contaminação da pele, inalação ou ingestão, os grupos de agentes envolvidos em intoxicações humanas, as principais síndromes tóxicas e o respetivo tratamento. Outro objetivo deste trabalho foi o de caracterizar o panorama das intoxicações em Portugal e identificar as principais classes de agentes tóxicos envolvidos, a evolução e as circunstâncias das ocorrências. Para tal, foi realizado um levantamento na base de dados do Centro de Informação Antivenenos (CIAV) das consultas realizadas a este centro relativas a intoxicações entre 2017 e 2019. Os dados apresentados neste estudo revelam que, nos últimos três anos, o CIAV recebeu uma média de 82 chamadas por dia, das quais mais de 80% são referentes a intoxicações agudas ou crónicas. Os consultantes são principalmente o familiar do intoxicado, o operador do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), e o médico, ou a própria pessoa que sofreu intoxicação. Entre os meses de maio e agosto os contactos são ligeiramente superiores aos restantes meses do ano, e são, sobretudo, provenientes de áreas de maior densidade populacional, Lisboa, seguida do Porto. No que respeita às vítimas de intoxicação, mais de 65% são adultos e 30% são crianças, sendo as circunstâncias das intoxicações sobretudo intencionais e acidentais, respetivamente. A via de exposição predominante tanto em adultos como em crianças é a digestiva, com mais de 80% dos casos. Nos adultos, a faixa etária mais afetada compreendeu-se entre os 40 e os 49 anos, sendo as intoxicações mais prevalentes no sexo feminino. Em crianças, as intoxicações são mais comuns na faixa etária entre 1 a 4 anos, em que é mais prevalente no sexo masculino, verificando-se o oposto na faixa dos 10 aos 15 anos. Os principais agentes de intoxicações em crianças são sobretudo medicamentos, produtos domésticos, e cosméticos/higiene. Quanto aos adultos são os medicamentos, produtos domésticos e substâncias de abuso. Os motivos do contacto efetuado para o CIAV por parte dos farmacêuticos foram maioritariamente relacionados com intoxicações por medicamentos e produtos domésticos, sendo concordante com as principais categorias de agentes envolvidos em intoxicações. Os principais grupos terapêuticos envolvidos em intoxicações medicamentosas são, por ordem decrescente, as benzodiazepinas, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), outros antipsicóticos e os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Por fim, é dado enfoque ao papel do farmacêutico na prestação/esclarecimento das medidas de socorro em casos de intoxicação, bem como na educação da população de forma a prevenir situações de risco, especialmente nas crianças e nos idosos.