Summary: | As construções funerárias foram a primeira atitude perene, relativamente ao terreno, que o Homem toma. Assim acontece a arquitectura, como resultado da expressão do Homem perante a morte. Diante da funerária essência da arquitectura, procuramos entender a sua definição até aos dias de hoje, motivações e elementos justificativos, na perspectiva de um novo projecto no âmbito da arquitectura funerária. A morte ao longo da história veio a ter diversos significados, a expressar-se de diferentes formas. Contudo, desde sempre, o Homem soube expressar-se perante ela com a arquitectura. As formas puras, na sua concepção original, foram o primeiro passo na sua negação e perpetuação. E assim, inevitavelmente, o Homem tem perpetuado a sua memória, elogiando-a através da arquitectura, numa série de elementos transversais que a tornaram absolutamente sublime. A arquitectura funerária tem-nos proporcionado, ao longo dos tempos, sinais da sua majestade pela sua significância, simbolismos e nível de transcendência. Apesar do Movimento Moderno ter caracterizado uma época de estagnação e depreciação no que a respeita, trazendo à contemporaneidade alguma complexidade relativamente ao tema, através da sua rejeição social que se acaba por reflectir no séc. XX na arquitectura, esta tendência veio a ser contornada exemplarmente por alguns arquitectos que pensaram a arquitectura funerária humanamente. O Homem de hoje preocupa-se essencialmente em elogiar a memória daqueles que, de coração, lhe transcenderam a vida. Isto, muito para lá das questões higienístas ou práticas ligadas a este tema, são as questões humanas que dominam o grande objectivo destas arquitecturas. O elogio à memória na arquitectura funerária surge essencialmente devido à saudade, sentimento de pesar, nostalgia e lembrança, que nos assombra a morte do nosso próximo. Assim, a estes espaços podemos chamar os espaços da saudade. Com base nestas questões, desenvolve-se esta dissertação e o projecto de arquitectura a si intrínseco, onde os referenciados casos de estudo aqui abordados foram fundamentais na dedução dos transversais elementos marcantes da arquitectura funerária, elementos estes, argumentadores da sublimação destas arquitecturas e estruturais da nova proposta aqui apresentada e justificada.
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