Summary: | Na Ficção Científica, as sociedades ou civilizações que evoluiram utopicamente para estados ou estilos de vida perfeitos, perfilam duas categorias maiores, diametralmente opostas: 1) ou se afastam consciente e voluntariamente de um paradigma religioso 2) ou tendem a criar uma matriz deísta que se constitui como a base de sustentação de toda a sua existência, sem a qual (apenas em teoria, como é sabido) nada sobreviveria. Por outro lado, é nossa convicção que, na vida real, o espaço reservado a uma vertente mais metafísica ou espiritual se rarefaz, porquanto a Ciência vai (lenta, gradual e inexoravelmente) dando resposta a enigmas que os nossos antepassados, durante anos, séculos ou milénios consideravam insolúveis. A perspectiva conivente e intencionalmente redutora transmitida desde sempre pela Religião cria, ainda hoje, uma inércia mental no que diz respeito à demanda de respostas fora de um domínio dogmático, porque determinada pela fé e pelas normas de um qualquer “establishment” religioso... Num enquadramento teórico que contempla um compromisso quase impossível de assumir actualmente entre a Ciência e a Religião, o presente trabalho propôs-se estudar e reflectir sobre concepções de futuro científico-teológicas em várias obras de Ficção Científica, à luz de uma visão assumidamente Ateísta. Procurámos, consequentemente, fundamentar a pouca credibilidade (em termos filosóficos ou de narrativa) que assumem as representações de entidades divinas e argumentar em defesa da ausência de um Deus Criador, tal como ele é concebido pelo Cristianismo. Mostramos, enfim, o paradoxo (latente ou declarado) na co-existência de argumentos científicos e religiosos para a concepção e existência de vida no Mundo, confrontando esse mesmo paradoxo com a visão paralela apresentada pelos autores de Ficção Científica, na criação de mundos fantásticos futuros.
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