Resumo: | Introdução: A gripe é uma doença infecciosa que anualmente é responsável por epidemias sazonais que atingem entre 5 a 20% da população. Até à data, a principal medida de prevenção da infecção gripal e das complicações que lhe estão associadas é a vacinação. Dando continuidade ao trabalho desenvolvido desde a época de 1998-1999, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, através do Departamento de Epidemiologia, estudou a vacinação anti-gripal, nomeadamente a cobertura da vacinal na época gripal de 2008-2009. Objectivo: Estimar a cobertura da VAG na população portuguesa do Continente e caracterizar a prática da vacinação relativamente a alguns factores, nomeadamente, iniciativa de vacinação, local de vacinação, calendário de vacinação praticado, atitude face à vacina. Metodologia: O estudo, descritivo transversal, constou de um inquérito realizado por entrevista telefónica, em Janeiro de 2009, a um dos elementos de 18 e mais anos, residente nas unidades de alojamento (UA) que integram a amostra de famílias ECOS. Esta amostra é aleatória e constituída por 870 UA, com telefone fixo, estratificada por Região de Saúde do Continente, com alocação homogénea. Estas unidades de alojamento representaram 2563 indivíduos. Em cada agregado, foi inquirido apenas um elemento com 18 ou mais anos que prestou informação sobre si próprio e sobre os restantes elementos do agregado. A recolha de dados foi feita através da aplicação de um questionário de 18 perguntas. As variáveis colhidas contemplaram a caracterização dos inquiridos, nomeadamente, no que diz respeito à vacinação antigripal na época passada e na época actual, aconselhamento, local, calendário de vacinação, percepção dos não vacinados relativamente à vacina. As questões referentes à cobertura da vacinação antigripal foram semelhantes às utilizadas nos questionários aplicados nas épocas anteriores, afim de se poder comparar resultados. Resultados: Obtiveram-se 756 questionários válidos, o que corresponde a uma taxa de resposta de 86,9%. Através dos respondentes, um por alojamento, obteve-se, ainda, dados sobre 2192 indivíduos residentes naquelas UA, correspondendo a 85,5% do total de indivíduos existentes nas UA da amostra. A cobertura da vacina anti-gripal (VAG) na época de 2008-2009 atingiu o valor de 18,3% (IC95%: 16,6%; 20,1%) o que correspondeu a 384 indivíduos vacinados. A cobertura nos grupos de risco foi: 53,3% (IC95%: 47,9%-58,6%), nos indivíduos de 65 anos; 31,3 (IC95%: 28,2%-34,6%) nos portadores de pelo menos uma doença crónica. A vacinação ocorreu, quase totalmente, até final de Novembro: 96,6% (IC95%: 93,9%-98,1%); fundamentalmente, por indicação do Médico de Família: 64,3% (IC95%: 59,1%-69,2%); utilizam o Centro de Saúde para a administração da vacina: 42,8% (IC95%: 35,2%-50,8%). O principal conjunto de razões invocadas para a recusa da vacinação relaciona-se com mecanismos de desvalorização/negação da importância da doença: 59,1%(IC95%: 54,6%-63,5%). Discussão/conclusões: Afigura-se importante continuar a promover uma maior cobertura com a vacina antigripal dos indivíduos com 65 anos e mais (Portugal assumiu a meta de 75% de cobertura da população idosa, em 2010), assim como no grupo de indivíduos portadores de alguma doença crónica para a qual se recomenda a vacinação.
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