Summary: | Nas cidades de água, ribeirinhas ou marítimas, o elemento água está, indissociavelmente, ligado à cidade como razão e factor da sua origem e como meio de desenvolvimento da mesma. Esta é uma relação que tem atravessado diversas fases ao longo dos tempos, entre a total interdependência e a total rotura provocada pelas barreiras infraestruturais, os portos e as suas indústrias, erguidas na fronteira entre a cidade e a água. Nos dias de hoje, como consequência do abandono estratégico dessas áreas fronteiriças, assiste-se à requalificação e à reintegração desses vazios urbanos no tecido urbano consolidado, como áreas de enorme memória urbana, capazes de suportar diversas funções e actividades, no sentido de restituir e de dinamizar as relações urbanas entre a cidade e a água, o rio ou o mar. Neste sentido, a presente dissertação não tem como objectivo apresentar uma estratégia definitiva para a temática, pois concluiu-se que, para além de não ser uma temática fechada, existem alguns modelos de intervenção, passíveis de se moldarem aos tempos, às necessidades urbanas e às circunstâncias políticas, económicas, sociais e culturais de cada local. Assim, este estudo apresenta uma reflexão sobre a cidade de água, assente num percurso temporal, desde a sua origem, passando pelas fases evolutivas da relação entre a cidade e a sua frente de água, ou porto, demonstrando os factores de cada fase, até ao espoletar das intervenções nessas frentes de água, onde são expostos os modelos de intervenção que surgiram ao longo dos tempos e, como estes se implantam nas cidades em questão, culminando no aprofundar da temática, segundo o modelo dos grandes eventos, através de dois estudos de caso, Barcelona e Lisboa, explicados na sua evolução urbana e na relação com os seus portos, desde a sua origem aos dias de hoje, enfatizando os eventos que proporcionaram tais intervenções que, por sua vez, desencadearam um processo contínuo de requalificação das suas frentes de água.
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