Resumo: | Atualmente, mais de metade da população mundial confronta-se com a necessidade de tomar medicação e de adotar medidas de controlo e tratamento de diversas doenças, nomeadamente, crónicas. Os doentes com doença crónica são apontados como os que menos aderem à terapêutica, pelo será necessário compreender este fenómeno. A hipertensão arterial (HTA) é uma das doenças crónicas mais prevalentes na população portuguesa, com uma prevalência de 26.9% em 2013 (DGS, 2013). O controlo da hipertensão arterial torna-se fundamental a fim de reduzir a morbilidade e a mortalidade por doença cardiovascular. Neste sentido, a hipertensão arterial acarreta inúmeros cuidados médicos diários que passam pela toma da medicação de forma correta e pela alteração de hábitos de vida do doente. Torna-se, igualmente, essencial compreender quais as crenças que os doentes possuem de modo a perceber como as mesmas influenciam o processo de adesão ao tratamento. Também as crenças sobre a medicação são objeto de estudo desta investigação de forma a perceber como estas convicções interferem com a adesão à terapêutica. A amostra desta investigação foi constituída por 84 indivíduos com hipertensão arterial provenientes do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures. Com o intuito de obter uma representação fiável das variáveis em estudo, recorreu-se a quatro instrumentos de colheita de dados, sendo eles: o questionário sociodemográfico, o Illness Perception Questionnaire Brief (IPQ-B), a Medida de Adesão aos Tratamentos e o Questionário de Crenças acerca da Medicação. Os resultados permitiram verificar um nível de adesão elevada e hábitos de saúde saudáveis, bem como um nível de satisfação com a informação recebida. A grande maioria da amostra concebe a HTA como uma doença crónica que requer cuidados diários, evidenciando-se na necessidade que os doentes têm da medicação. Constatamos que quando aumenta a perceção do uso excessivo de medicação, maior é a perceção da toxicidade da mesma. Os resultados da pesquisa sugerem que quanto maior é a perceção da recomendação de medicação excessiva pelos médicos, menor é o grau de adesão ao regime terapêutico. Verificamos, ainda, que os sujeitos sem filhos apresentam necessidades específicas relativamente à medicação comparativamente com os sujeitos que não têm filhos. Os doentes mais satisfeitos com a informação sobre a HTA revelaram ter maiores crenças relativamente à necessidade de medicação assim como preocupações específicas sobre os fármacos. Desta forma, urge a pertinência na atuação dos profissionais de saúde nas crenças que os doentes têm sobre a medicação e a doença de modo a conduzir a um bom sucesso terapêutico.
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