Summary: | A doença de Lyme é uma das doenças transmissíveis de notificação obrigatória mais comuns em Portugal, sendo o principal agente etiológico a Bbsl. Na verdade, é considerada uma doença emergente em Portugal, manifestando-se de forma multissistémica. Ocorre habitualmente em três estágios. No primeiro são visíveis manifestações cutâneas características, nomeadamente o EM. Posteriormente, surge o segundo estágio, após disseminação hematogénea da Bbsl, podendo haver atingimento cardíaco (cardite e bloqueio auriculoventricular), reumatológico (artralgias), neurológico (meningoradiculite ou paralisia do nervo facial) e cutâneo, considerandose o linfocitoma uma manifestação rara que pode persistir durante meses. O terceiro estágio é caracterizado pela ACA, uma afeção cutânea que atinge, principalmente, as extremidades, causando inflamação, diminuição do espessamento da pele e neuropatia. Para além disso, podem ocorrer fenómenos neurológicos (neuroborreliose tardia), articulares (artrite de Lyme), oculares (uveíte) e cardíacos (bloqueios auriculoventriculares de 2º e 3º grau). O diagnóstico deve basear-se em critérios clínicos e epidemiológicos, suportados por exames complementares de diagnóstico. Habitualmente são utilizados testes diretos e indiretos, com maior enfoque nos testes serológicos. Frequentemente, o diagnóstico desta espiroquetose é dificultado pela apresentação atípica da doença e presença de manifestações clínicas inespecíficas. Isso pode atrasálo, impedindo a instituição de terapêutica adequada e promovendo o aparecimento de complicações. O tratamento consiste habitualmente na administração de antibioterapia com beta-lactâmicos, macrólidos ou tetraciclinas. Este costuma ser eficaz e bem tolerado. Pretendo com esta revisão bibliográfica sistematizar os conhecimentos atuais sobre esta doença.
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