Resumo: | As sociedades do passado podem ser estudadas por meio das estruturas e objetos, materialidades que nos falam dos espaços e construções que formalizaram as cidades antigas. Ainda que a Arqueologia tenha acesso apenas a um registo fragmentado do passado, que condiciona, naturalmente, a nossa compreensão da funcionalidade dos espaços urbanos, importa referir os extraordinários progressos no conhecimento das cidades romanas provinciais decorrentes do desenvolvimento da Arqueologia Urbana a partir dos anos 70 do século XX. O conhecimento hoje disponível sobre a cidade romana de Bracara Augusta constitui, a todos os títulos, um bom exemplo da importância da Arqueologia Urbana, permitindo restituir o traçado urbano da urbs romana e a sua evolução, identificar edifícios públicos e reconhecer numerosas domus que ocupavam os quarteirões da cidade. Sabemos que a cidade romana se caracterizava por apresentar um conceito utilitário e prático do espaço, sendo concebida para responder às necessidades de quem as habitava, por intermédio de espaços, edifícios e equipamentos, mas também da organização das áreas residenciais. Apesar da arquitetura pública urbana ter sido mais valorizada na historiografia tradicional, cabe destacar a crescente importância assumida pela arquitetura privada urbana, que vem facultando novos dados sobre a estrutura e a economia das cidades das províncias ocidentais do Império, mas também sobre o cotidiano da cidade antiga.
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