Resumo: | INTRODUÇÃO: Na Esclerose Múltipla (EM) a marcha é frequentemente afectada pela incapacidade e o número de doentes a precisar de ajuda na marcha nos 15 anos após o inicio da doença pode atingir 50%. O treino em tapete rolante (TTR), incluindo o de suspensão parcial do peso corporal (TTRcS), tem sido integrado, com resultados positivos, em programas de reabilitação de doentes com EM. Parece ser uma intervenção dependente da actividade com potencial para reduzir a incapacidade da marcha. OBJECTIVO: Investigar, quanto à evolução funcional da marcha, se o programa TTRcS é ou não mais eficaz que o TTRsS em doentes com EM. MÉTODOS: Estudo experimental, prospectivo, com aleatorização e crossover, comparando a intervenção do TTRcS com o TTRsS em 12 doentes com EM de EDSS 4.0 a 6.0, que receberam 3 sessões semanais de treino, durante 3 semanas em cada fase, com o total de 2 fases de intervenção. Os instrumentos de recolha de dados usados foram as escalas 6MWT, T25FW, TUG, MFIS e EQ-5D. RESULTADOS: Verificaram-se nos parâmetros referentes à velocidade (T25FW) melhoria significativa (p=0,02) no TTRcS; na mobilidade (TUG) melhoria significativa (p=0,04) no TTRcS; percepção de fadiga (MFIS) melhoria significativa no score total (0,04) e na dimensão física (0,04). Quanto à distância percorrida (6MWT): melhoria mas sem resultados estatisticamente significativos. Os resultados do impacto na qualidade de vida (EQ-5D) não são conclusivos. CONCLUSÕES: Encontrámos suporte para a hipótese de o TTRcS ser mais eficaz quando comparado com o TTRsS para a melhoria da marcha em doentes com EM com grau de incapacidade da EDSS 4.0 a 6.0. A utilização do TTRcS parece permitir alcançar mais rapidamente o potencial de recuperação da marcha nos doentes. A sua aplicação clínica resulta em benefícios e deve ser mais bem caracterizada antes de ser aplicada na prática clínica. Recomenda-se investigação mais aprofundada sobre o TTRcS.
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