Estudo da resposta imunológica induzida por proteínas libertadas por promastigotas de Leishmania infantum

A Leishmaniose visceral zoonótica (LVZ) causada por Leishmania infantum é um problema veterinário e de saúde pública na Bacia do Mediterrâneo, na América Central e do Sul e no Médio Oriente, sendo os canídeos o reservatório desta infecção. As macromoléculas antigénicas libertadas por microrganismos...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: ROSA, Ricardo Luís Lucas da Silva (author)
Format: doctoralThesis
Language:por
Published: 2019
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10362/56824
Country:Portugal
Oai:oai:run.unl.pt:10362/56824
Description
Summary:A Leishmaniose visceral zoonótica (LVZ) causada por Leishmania infantum é um problema veterinário e de saúde pública na Bacia do Mediterrâneo, na América Central e do Sul e no Médio Oriente, sendo os canídeos o reservatório desta infecção. As macromoléculas antigénicas libertadas por microrganismos são factores importantes no estabelecimento das interacções imunológicas e fisiológicas com o hospedeiro. De igual modo os produtos libertados por Leishmania sp. têm sido implicados em diferentes estadios do ciclo de vida do parasita quer no vector, quer no hospedeiro vertebrado. Neste estudo foi analisada a capacidade das proteínas libertadas por promastigotas de L. infantum modelarem o tipo de resposta imunológica celular apresentado por duas estirpes de murganhos (BALB/c e C57BL/6) com diferentes graus de resistência à infecção por Leishmania, comparando a proliferação linfocitária, e a expressão e produção de citocinas do tipo Th1 (IFNg), Th2 (IL-4), anti-inflamatória (IL-10) e próinflamatória (IL-12). A estirpe de murganhos BALB/c mostrou-se mais sensível à infecção por L. infantum, demonstrando densidade parasitária crescente com níveis de proliferação inferiores aos apresentados pelos animais saudáveis, sugerindo imunossupressão. Os murganhos C57BL/6 evidenciaram restrição na multiplicação parasitária no decurso da infecção associada a níveis elevados de proliferação linfocitária. Nestes animais, as fracções proteicas induziram aumentos superiores de linfoproliferação que o antigénio parasitário, evidenciando a maior capacidade de estimulação celular das proteínas libertadas pelos promastigotas virulentos de L. infantum comparativamente ao antigénio parasitário. Nos murganhos BALB/c, a fracção Inter induziu a libertação de IL-4, a fracção Low a produção de IL-12 e a fracção High a libertação simultânea de IL-12 e IL- 4. Os resultados sugerem que as proteínas High, Inter e Low exercem efeitos antagónicos na imunomodelação linfocitária. A fracção Low pode contribuir para o controlo do parasitismo enquanto que a fracção Inter parece estimular a multiplicação do parasita, evitando a activação do macrófago.Considerando que o desenvolvimento da leishmaniose visceral está dependente da estimulação das diferentes subpopulações de células T e das citocinas que consequentemente são produzidas foi analisado, no presente estudo, o efeito das fracções proteicas libertadas por L. infantum na activação das células T CD4+ e CD8+ nas duas estirpes de murganhos. Tendo-se verificado que as fracções High e Low estimularam simultaneamente as células T CD4+ e CD8+ a coordenar uma resposta do tipo Th1/Tc1 em duas estirpes de murganhos com diferentes características genéticas. No seu conjunto, os resultados obtidos no presente estudo conduziram à selecção das fracções High e Low para os ensaio de imunização, dado serem reconhecias pelos diferentes grupos celulares, induzindo a apresentação de respostas protectoras sem que simultaneamente causassem uma forte produção de citocinas Th2. Os murganhos BALB/c imunizados com as fracções High ou Low e infectados com L. infantum revelaram diminuição da carga parasitária do baço, mais acentuada nos animais imunizados com a fracção Low. Observou-se também que a imunossupressão da proliferação linfocitária causada pela infecção por L. infantum, deixou de se verificar, apresentado os linfócitos esplénicos níveis consideráveis de linfoproliferação específica. A imunização com a fracção High, também contribuiu para o predomínio de uma resposta protectora ao nível das células T CD4+, com libertação de IL-12, quando especificamente estimuladas. Nos animais imunizados com a fracção Low a análise isolada das subpopulações linfocitárias revelou o predomínio da libertação de IL-12 e de IFNg. Adicionalmente, em ambas as imunizações, a activação celular foi acompanhada pela regulação negativa da produção de citocinas associadas à evolução da doença, como a IL-10 e IL-4. Os resultados obtidos no presente estudo põem em evidencia o interesse da utilização das fracções High e Low na profilaxia da LVZ.