Summary: | RESUMO - Introdução: O aumento significativo do número de episódios de urgência hospitalar a nível internacional, o reconhecimento do problema da utilização "evitável" ou "inapropriada" pelos utilizadores frequentes destes serviços, perante o cenário de crise económica vivenciado, torna imprescindível a sua caracterização e identificação de necessidades destes utilizadores. Permite-se assim a definição de estratégias para o desenvolvimento de respostas seguras e com qualidade que constituam alternativas a essa utilização. Metodologia: Realizou-se um estudo do tipo observacional descritivo, efetuado através da análise retrospetiva de dados referentes à utilização do Serviço de Urgência Geral do HGO em 2016. A população em estudo é composta por todos os utentes que recorreram ao SUG do HGO no período referido, dividida em 3 grupos, de acordo com o seu comportamento de utilização: utilizadores não frequentes (1-3 episódios/ano), utilizadores frequentes (4-10 episódios/ano) e utilizadores muito frequentes (> 10 episódios/ano). No caso dos utilizadores muito frequentes foi realizado um estudo mais pormenorizado com dados obtidos através da consulta dos seus processos clínicos. Resultados: O número de utilizadores frequentes e muito frequentes do SUG do HGO no ano de 2016 representou 5,63% do total de utilizadores desse serviço, responsáveis por 19,94% do total de episódios de urgência. Têm uma saúde pobre, com uma média de 4 patologias crónicas por utente e apresentam uma elevada taxa de mortalidade (136‰). Apesar de aproximadamente 40% dos episódios destes utilizadores serem triados como pouco ou não urgentes, também são eles que apresentam uma maior percentagem de episódios triados como muito urgentes e uma maior taxa de internamento. Têm médico de família atribuído e são utilizadores frequentes também nas unidades de CSP. Os problemas que podem influenciar o seu comportamento de utilização são problemas psiquiátricos, de alcoolismo, de consumo de drogas, incumprimento da terapêutica, falta frequente a consultas agendadas, dependência de fármacos e ter fome ou não ter abrigo. Conclusão: Além da criação de um circuito que permita a precoce identificação de um utente com comportamento de utilização frequente, o seu encaminhamento para o Grupo de Resolução dos High Users e o levantamento das suas necessidades, é crucial a atribuição de um GC com formação adequada, capaz de compreender essas necessidades e com conhecimentos que o permitam elaborar um plano de atuação personalizado e realmente eficaz.
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