| Summary: | Os media são elementos fundamentais na construção de significados, representações e agenda da actualidade. O seu poder é inegável na representação de eventos, fenómenos, pessoas ou grupos, também étnicos ou religiosos. Este poder estende-se aos opinion makers e à sua produção, que se pressupõe como legítima e credível, servindo como barómetro para a opinião pública. Islão e muçulmanos, segundo a literatura científica, tendem a ser representados pelos media ditos “ocidentais” de uma forma negativa, sendo associados a temas como conflito, terrorismo, intolerância e extremismo. Mais ainda, são frequentemente representados como uma massa homogénea e tratados com alteridade. A produção científica indica que os produtores de opinião que escrevem sobre o Islão em Portugal não são especialistas no tema. Igualmente, indica que o Islão português é praticamente invisível nos media e que existe a ideia não-fundamentada cientificamente de que está “bem integrado”. Esta dissertação analisa a forma como Islão e muçulmanos são tratados pelo jornalismo de opinião em Portugal, durante dez anos (2010-2020), nas versões online dos jornais portugueses o Público, o Correio da Manhã, o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias e no jornal electrónico Observador. Por meio de uma metodologia mista, que combina análise de conteúdo com análise crítica de discurso, são analisados o tratamento temático e discursivo desta cobertura jornalística que engloba 494 artigos de opinião. Identifica, ainda, os mais frequentes opinion makers sobre o tema do Islão em Portugal, chegando à conclusão de que não são, na sua maioria, especialistas no assunto. O estudo demonstra que as representações do Islão e dos muçulmanos são redutoras e maioritariamente associadas ao terrorismo e às diferenças de valores, partindo sempre de uma lógica de alteridade, e sendo quase nula aquela feita sobre o Islão português. Mais, os artigos revelam existir a pressuposição de uma identidade cristã/católica nacional.
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