Summary: | O presente estudo foi desenhado com o objetivo de conhecer a relação entre Competência Emocional (CE) e Interdisciplinaridade, partindo do constructo teórico de Inteligência Emocional de Goleman (2003) e de CE de Veiga-Branco (2004a, 2005), e do princípio de Interdisciplinaridade, preconizado na legislação atual da RNCCI (Portaria n.º 50/2017, de 2 de fevereiro). Para dar consecução ao objetivo global, foi desenvolvido um estudo quantitativo, descritivo e correlacional, desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular de Trabalho de Projeto para obtenção do grau de Mestre em Cuidados Continuados pela Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Bragança. O trabalho é constituído por duas componentes: a primeira expõe o enquadramento teórico e a segunda o estudo empírico. Este partiu da aplicação de dois questionários, a uma amostra global de 78 participantes, constituída por dois grupos: um, de 64 profissionais de saúde pertencentes a UCSP’s das ULS Guarda, E.P.E. e ULS Nordeste, E.P.E. (enquanto referenciadores para a RNCCI), e outro, de 14 cuidadores informais de utentes internados em UCCI’s dos distritos de Bragança e Guarda cuja referenciação partiu das ditas UCSP’s. Os instrumentos de recolha de dados usados foram dois questionários elaborados para efeitos do presente estudo: um dirigido ao grupo dos cuidadores formais e outro ao dos cuidadores informais. O questionário aplicado ao primeiro grupo inclui a EVCE (Veiga-Branco, 2011), permitindo estabelecer correlações entre a CE e as respetivas cinco dimensões. O perfil de CE revela que o grupo amostral obtém um nível moderado alto para a “Autoconsciência” (x=5,11; s±0,77), a “Automotivação” (x=4,98; s±0,72) e a “Empatia” (x=4,73; s±0,78), e um nível moderado para a “Gestão de Emoções” (x=4,59; s±0,54) e a “Gestão de Emoções em Grupo” (x=4,54; s±0,72). Também a CE Total revela um nível moderado alto (x=4,82; s±0,61). O estudo da relação entre estas dimensões e a “idade” revela que existe uma correlação positiva com todas à exceção da “Empatia” (r=-0,004; p-value=0,976); quanto à relação com a “satisfação dos profissionais relativa às funções desempenhadas” há diferenças estatisticamente significativas para a CE Total e as suas dimensões, excluindo-se a “Gestão de Emoções” (p-value=0,099) e a “Empatia” (p-value=0,059). A diferença nas médias entre a “profissão” e o “sexo” revelam que não há diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. Ainda assim, os Enfermeiros são os mais “autoconscientes” (x=5,168; s±0,786), que melhor “gerem as suas emoções” (x=4,598; s±0,563) e os mais “empáticos” (x=4,798; s±0,841), os Assistentes Sociais são os que melhor “gerem as emoções em grupo” (x=4,607; s±0,472) e os Médicos são os mais “motivados” (x=4,982; s±0,704). Quanto ao “sexo” o género feminino é o que revela médias mais elevadas para a CE Total (x=4,86; s±0,59) e todas as dimensões. Os resultados foram comparados com outros estudos que utilizaram a mesma escala na recolha de dados, confirmando-se a elevada confiabilidade da EVCE. Por exemplo, foi corroborada a correlação entre a CE e a “Gestão de Emoções” apresentada por Agostinho (2010) (r=0,803; p=0,000) e entre a CE e a “Automotivação” encontrada por Veiga-Branco (1999) (r=0,854; p=0,000) e Vilela (2006) (r=0,777; p=0,000).
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