Summary: | Remanescentes do modelo Panótico de Bentham, as sociedades contemporâneas são hoje sociedades de vigilância. Se os atentados terroristas ocorridos a 11 de Setembro de 2001 podem ser entendidos como um dos momentos cruciais para a propagação da vigilância em prol da segurança, de igual modo, a crescente evolução tecnológica e a consequente adoção e enquadramento de equipamentos de vigilância em quase todas as áreas da sociedade contemporânea não só aumentou como facilitou o ato de vigiar e monitorizar. Além da vigilância ser uma ameaça à privacidade, ela apresenta, de um modo semelhante à sociedade em que nos encontramos inseridos, desigualdades sociais quer a nível étnico quer a nível de género, visto que a mesma se rege segundo as premissas da sociedade em que nos encontramos inseridos. Este aumento significativo da vigilância fez com que os artistas e “artivistas” concentrassem a sua atenção nesta temática, em especial nos impactos negativos, problemáticas e perigos que daí advêm. As tecnologias de vigilância têm sido de igual modo incorporadas por alguns artistas nas suas criações, com o intuito de explorar a potencialidade destas mesmas e criar novos modos de assistir a espetáculos. Este estudo demonstra a presença da temática e dos equipamentos de vigilância dentro das Artes Performativas, presença essa que originou o género performativo que Elise Morrison designa por Artes e Performances de Vigilância no seu livro Discipline and Desire: Surveillance Technologies in Performance. São analisadas catorze performances de artistas diversos, que se inserem dentro deste género performático demonstrando algumas das tendências e particularidades deste mesmo género.
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