Resumo: | RESUMO: Este documento apresenta um conjunto de estudos científicos que têm como objetivo enriquecer o conhecimento atual sobre recuperação renal após um episódio de LRA. A introdução, adequadamente suportada por um artigo de revisão, é uma oportunidade para revisitar a relevância da LRA e da recuperação renal, revendo a sua definição, epidemiologia, patogénese e elevados custos para a saúde e em termos financeiros. De seguida, três tópicos principais são explorados. O primeiro tópico é a importância da predição da recuperação renal. Ser capaz de identificar os doentes que vão recuperar, permitir-nos-ia estudar as suas características e eventualmente replicá-las no futuro, melhorando o prognóstico. De uma perspectiva clinica e prática, a predição da recuperação renal permitir-nos-ia otimizar os recursos e adequar a abordagem terapêutica, a curto e longo prazo. O segundo tópico são os fatores clínicos associados à recuperação renal. As características basais dos doentes, as particularidades do episódio de LRA e a abordagem terapêutica adoptada, são tudo grupos de fatores que influenciam a recuperação renal. Contudo, existem ainda enormes lacunas de conhecimento no que respeita ao verdadeiro impacto de cada um destes fatores na recuperação. Alguns dos trabalhos aqui apresentados ajudam a preencher estas lacunas. Numa revisão retrospectiva de doentes com insuficiência hepática aguda, foi caracterizado o impacto da duração da LRA no prognóstico, demostrando que a LRA persistente estava associada a um pior prognóstico renal e do doente. Num segundo estudo, é apresentada uma população previamente saudável de doentes referenciados para terapêutica com ECMO, em que todos os doentes que sobreviveram recuperaram completamente a função renal apesar da LRA se ter desenvolvido num contexto de choque séptico e disfunção muti-orgânica. Um caso clínico é também descrito, realçando que os doentes são frequentemente únicos, com vários fatores interligados que contribuem simultaneamente para a recuperação renal, em direções opostas. O terceiro tópico são os mecanismos celulares e moleculares associados à recuperação renal. Há certamente outros fatores para além das variáveis clinicas visíveis que contribuem para a recuperação renal. Os fatores imunológicos são explorados em trabalhos aqui apresentados. Foi realizada uma revisão retrospectiva de biópsias de protocolo de rins transplantados que demonstrou uma associação entre a leucocitúria estéril e alterações estruturais e funcionais renais. Um segundo estudo retrospectivo caracterizou o impacto da leucocitúria estéril na recuperação renal após um episódio de LRA. Os doentes com LRA e leucocitúria estéril evoluíram com pior prognóstico renal e associaram-se a fatores de risco clínicos caracterizados por uma menor capacidade regenerativa. É apresentado um estudo prospectivo que caracteriza os diferentes tipos de leucócitos presentes na urina de doentes com LRA grave e leucocitúria estéril. O fenótipo urinário dos doentes que recuperaram a função renal caracterizou-se por mais macrófagos M2 e menos células B. Por fim, foi realizada uma reflexão sobre os principais resultados desta compilação de trabalhos e sobre as perspectivas futuras.
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