os azuis na pintura de Nuno Gonçalves

De acordo com o estudo laboratorial publicado em 1974, os pigmentos azuis utilizados por Nuno Gonçalves, a avaliar pelos resultados obtidos para o painel dos Cavaleiros, limitavam-se à azurite – provavelmente o pigmento azul mais frequente na pintura europeia do século XV. Esta também foi a conclusã...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Mendes, Jose (author)
Outros Autores: Cruz, Antonio Joao (author), Candeias, Antonio (author), Mirao, Jose (author)
Formato: article
Idioma:por
Publicado em: 2013
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10174/7500
País:Portugal
Oai:oai:dspace.uevora.pt:10174/7500
Descrição
Resumo:De acordo com o estudo laboratorial publicado em 1974, os pigmentos azuis utilizados por Nuno Gonçalves, a avaliar pelos resultados obtidos para o painel dos Cavaleiros, limitavam-se à azurite – provavelmente o pigmento azul mais frequente na pintura europeia do século XV. Esta também foi a conclusão obtida a respeito das duas outras pinturas portuguesas de Quatrocentos analisadas na mesma ocasião. Porém, o uso exclusivo da azurite e, portanto, o não uso de azul ultramarino, embora esteja de acordo com a informação mais tardia (1615) de que este não era usado em Portugal devido ao seu elevado custo, não parece coerente com a qualidade e a importância do políptico de São Vicente. Com efeito, o azul ultramarino, preparado a partir de uma pedra semi-preciosa (lápislazúli)proveniente do actual Afeganistão, tinha um preço comparável ao do ouro, era o mais estimado dos pigmentos e o seu emprego em pintura, pelo prestígio que conferia, era indispensável nas obras de maior relevância e indissociável destas. O estudo laboratorial que está a ser realizado sobre as pinturas de Nuno Gonçalves, não apenas as que constituem o políptico de São Vicente, mas também as que integram a série dos Quatro Santos e as que restam dos Martírios de São Vicente, mostra, no entanto, que, além da azurite, Nuno Gonçalves efectivamente utilizou com abundância o azul ultramarino. Tal como se pretende apresentar nesta comunicação, mostra também em que motivos e de que forma foram usados os dois pigmentos azuis (por exemplo, seguindo procedimentos comuns na Flandres), bem como o envolvimento dos pigmentos azuis no que parece ser uma hesitação ocorrida durante a pintura da figura que se repete nos dois painéis centrais do políptico de São Vicente, a qual, além de eventualmente poder estar relacionada com questões iconográficas, pode ser relacionada com a sequência de execução desses dois painéis.