Summary: | A existência dos homens como “seres vivos políticos” (zoon politikon) pressupõe, antes de mais, a visibilidade de uns perante os outros no quadro de um espaço comum. Nas sociedades modernas, com as suas cidades, os seus estados nacionais e as suas organizações supranacionais, esse espaço tornou-se, cada vez mais, um espaço virtual, assegurado nos e pelos media. Neste espaço virtual - como, aliás, no espaço “real” que o antecedeu e com ele coexiste – a regra tem sido a particularidade e a desigualdade em termos daquela visibilidade; uma situação que, ainda que a propósito da “ordem do discurso”, foi oportunamente tematizada por Foucault. A Internet, e em particular a world wide web, foi antevista, pelos seus fundadores, como um “espaço” que, dada a sua infinidade virtual, derivada da sua virtualidade infinita, permitiria, finalmente, assegurar a universalidade e a igualdade em termos de visibilidade. Pretendemos, na nossa comunicação, demonstrar que o funcionamento dos sistemas automáticos de busca de informação, mais concretamente dos motores de busca, assenta em critérios de relevância que impedem, desde logo, a efectivação de tal universalidade e tal igualdade; que, no fundo, a Internet não representa, neste aspecto, senão a velha política por novos meios.
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