Resumo: | Introdução: A via inalatória e o aperfeiçoamento dos dispositivos inalatórios permitem que, com doses inferiores e consequentemente menores efeitos secundários, se obtenha uma ação mais eficaz na terapêutica prescrita. No entanto, a eficácia da terapêutica inalatória pode ser alterada pela dificuldade de reprodutibilidade na fração libertada e na deposição pulmonar do fármaco, por formulação para inalação inadequada, pela incorreta utilização dos dispositivos inalatórios e por uma má adesão à terapêutica. Objetivo: Avaliar a eficácia do ensino das boas práticas na utilização da terapêutica inalatoria em utentes do Laboratório de Função Respiratória (LFR) do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPE (HDESPD, EPE), utilizadores de dispositivos pressurizados doseáveis e de pó seco. Metodologia: No estudo do tipo descritivo longitudinal e prospetivo, a amostra foi constituída por 29 elementos, selecionados por amostragem não probabilística sequencial. Foram incluídos indivíduos de ambos os géneros com idade superior a 6 anos, que utilizavam dispositivos inalatórios MDI ou DPI-Turbohaler®, há mais de 1 mês e que não os utilizavam corretamente. As variáveis de caracterização da amostra neste estudo são o género e a idade. Para a caracterização da utilização dos dispositivos inalatórios, cujas variáveis são avaliação pré-formação (A1) e pós-formação 1 (A2) e 2 (A3), respetivamente. Para a recolha de dados recorreu-se a um formulário que contém dados biográficos, dados clínicos e uma lista de verificação. Analisaram-se os dados através de análise descritiva simples. Resultados: Verificou-se que na avaliação A1, o número de indivíduos que não cumpriram corretamente a utilização dos dispositivos inalatórios foi 29. Na avaliação A2, 6 indivíduos (20,7%) não cumpriram corretamente a utilização dos dispositivos inalatórios ao contrário dos 23 (79,3%) que cumpriram na totalidade os 10 passos pré-definidos. Na avaliação A3, 17 indivíduos (58,6%) não cumpriram ao invés de 12 (41,4%) que utilizaram corretamente os dispositivos inalatórios. Conclusões: Este estudo vem confirmar a melhoria da performance em pacientes que utilizam dispositivos inalatórios no tratamento de patologias respiratórias depois de lhe ser facultado uma sessão de ensino e formação. Embora a reduzida dimensão da amostra não permita extrapolação de resultados, a evidência de melhoria significativa (79,3%) poderá tornar importantes os resultados. O ensino das boas práticas é eficaz a curto prazo, no entanto, como também podemos observar neste estudo, torna-se pertinente que a longo prazo se volte a intervir, uma vez que passados dois meses regista-se uma diminuição da sua eficácia. A correta utilização dos dispositivos inalatórios é uma meta a atingir, com a certeza de que os pacientes beneficiarão com a redução das exacerbações das suas crises e melhoria da qualidade de vida.
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