Mecanismos de resistência de Aliarcobacter butzleri a macrólidos

Aliarcobacter butzleri é um enteropatógeno emergente que tem sido considerado um grave perigo para a saúde humana. Nos últimos anos, vários isolados resistentes a antibióticos, comummente utilizados no tratamento de infeções por Al. butzleri, nomeadamente a macrólidos, têm sido identificados. Contud...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Couto, Ana Francisca Lopes do (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2022
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.6/12488
País:Portugal
Oai:oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/12488
Descrição
Resumo:Aliarcobacter butzleri é um enteropatógeno emergente que tem sido considerado um grave perigo para a saúde humana. Nos últimos anos, vários isolados resistentes a antibióticos, comummente utilizados no tratamento de infeções por Al. butzleri, nomeadamente a macrólidos, têm sido identificados. Contudo, os mecanismos de resistência associados ainda não se encontram completamente elucidados. Para além disso, tem-se verificado que isolados com altos níveis de resistência aos macrólidos não são frequentemente encontrados no meio ambiente. Assim, os objetivos deste trabalho focaram-se na avaliação dos potenciais mecanismos que podem estar associados à resistência a macrólidos e os efeitos que esta aquisição de resistência pode ter na robustez da bactéria e na sua suscetibilidade a outros antibióticos. Para tal, procedeu-se a: i) avaliação da contribuição de mutações espontâneas na aquisição de resistência à eritromicina; ii) indução, in vitro, de elevados níveis de resistência ao referido antibiótico, a fim de identificar os mecanismos de resistência envolvidos; iii) avaliação do impacto da aquisição de resistência na suscetibilidade e robustez de Al. butzleri. Inicialmente, a fim de perceber de que forma a alteração da expressão das bombas de efluxo afetava o aparecimento de mutações espontâneas, foi determinada a frequência de mutação da estirpe nativa e duas estirpes mutantes para o gene areB da bomba de efluxo AreABC e respetivo repressor transcricional areR. Com base nos resultados é possível especular que o aumento da expressão da bomba de efluxo AreABC origina um aumento da frequência com que ocorrem mutações espontâneas nesta espécie. Seguidamente, foi determinada a taxa de mutação espontânea da estirpe de Al. butzleri DQ40A1, através do ensaio de flutuação, o que permitiu classificar a estirpe nativa como fracamente hipermutável. Nos ensaios de indução de resistência à eritromicina, in vitro, foi possível efetuar a indução de elevados níveis de resistência a este antibiótico, verificando-se aumentos de 512× na concentração mínima inibitória. Ao avaliar a suscetibilidade de estirpes provenientes dos ensaios de flutuação (cinco mutantes), e de evolução (evolução 8 e 9), na ausência de eritromicina, não se verificaram alterações significativas no perfil de crescimento das estirpes em estudo, à exceção da estirpe resistente da evolução 8 que apresentou uma diminuição da taxa de crescimento. Em relação ao perfil de crescimento na presença de eritromicina foi observado que as estirpes altamente resistentes da evolução 8 e 9 e a estirpe controlo do solvente da evolução 9 apresentavam crescimento na presença das concentrações mais elevadas de eritromicina. Além disso, as estirpes em estudo apresentaram uma diminuição da suscetibilidade à ciprofloxacina e à tetraciclina, contudo não foi verificada qualquer alteração em relação à resistência a compostos indutores de stress oxidativo. Avaliando a expressão fenotípica das bombas de efluxo, observou-se que tanto as estirpes provenientes do ensaio de flutuação com as estirpes com elevados níveis de resistência induzida in vitro demonstraram uma diminuição da capacidade de acumulação de brometo de etídio. No caso da estirpe altamente resistente da evolução 8, este comportamento está correlacionado com o aumento da expressão relativa do gene areB, em cerca de 50 vezes quando comparado com a estirpe nativa, o que é explicado pela mutação observada no gene que codifica para o repressor transcricional do sistema de efluxo correspondente (AreABC). Em relação à avaliação da robustez, de forma geral, as estirpes em estudo demonstraram menor motilidade, menor capacidade de formação de biofilme e não apresentaram diferenças significativas na sobrevivência em modelos alimentares, quando comparados com a estirpe nativa. Assim, os resultados obtidos sugerem que os sistemas de efluxo podem ter um papel determinante na aquisição de resistência à eritromicina e que alterações na suscetibilidade das estirpes a este agente antimicrobiano podem ter um papel na virulência e na robustez da bactéria.