Resumo: | As entidades devem avaliar, no final de cada período de relato, se existem provas objetivas de que um ativo financeiro, onde se incluem as contas a receber, está em imparidade. Não obstante as normas de contabilidade enumerarem alguns dados observáveis, que servem como prova objetiva de que um ativo financeiro está em imparidade, a entidade deve usar sempre o julgamento, decorrente da sua experiência, para ajustar aqueles dados. Assim, o reconhecimento das imparidades em contas a receber poderá ser influenciado por diversas variáveis, designadamente pelo seu desempenho e pelo prazo médio de recebimentos, assim como pelo contexto económico em que as entidades estão inseridas. O presente estudo tem como principais objetivos analisar a magnitude e a relevância das perdas por imparidade em contas a receber nas empresas da Euronext Lisbon, assim como avaliar a sua evolução ao longo do período de 2005 a 2014, atendendo à recente crise financeira que assolou o nosso país. O estudo segue uma abordagem longitudinal, assentando na recolha direta e análise de conteúdo dos relatórios e contas consolidados das empresas com valores cotados na Euronext Lisbon, no período de 2005 a 2014. Do estudo empírico realizado concluímos que as imparidades em dívidas a receber têm uma maior magnitude e uma maior relevância nas demonstrações financeiras nos períodos de crise, e que são as empresas de menor dimensão as que reconhecem mais imparidades. Encontramos, ainda, indícios da prática de big bath, porquanto foi nos anos de pior desempenho financeiro que o reconhecimento das perdas por imparidade em dívidas a receber mais afetou negativamente os resultados das empresas da amostra.
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