Resumo: | O fogo controlado é uma prática de gestão da vegetação comumente utilizada na região mediterrânea e constitui uma importante ferramenta de redução da quantidade de combustível disponível, contribuindo para a redução do risco de ocorrência de incêndios florestais. Este trabalho tem como principal objectivo avaliar a dinâmica temporal do armazenamento de carbono na sequência da aplicação de um fogo controlado numa área de matos do Parque Natural de Montesinho, Nordeste de Portugal. Na área em estudo a vegetação era constituída (antes do fogo controlado), essencialmente por urze (44%), esteva (26%) e carqueja (30%). A carqueja e a urze apresentaram um fator de combustão de 80%, enquanto a esteva revelou maior resistência ao fogo, com um fator de combustão de 50%. Em 11 locais distribuídos aleatoriamente, foi avaliada a biomassa da vegetação arbustiva e do horizonte orgânico (numa área de 0,49 m2 por local) e colhidas amostras de solo nas profundidades 0-5, 5-10 e 10-20 cm, antes do fogo controlado, dois meses, seis meses e três anos após o fogo controlado. Os resultados mostram uma elevada redução do teor de carbono armazenado na biomassa da vegetação arbustiva e nos horizontes orgânicos do solo (0-5 cm de profundidade) mostrando uma perda de cerca de 5,7 t ha-1 ao fim de três anos. O carbono armazenado no solo mineral, nas profundidades 5-10 e 10-20 cm mostrou um comportamento diferente, com tendência de aumento, revelando um acréscimo de cerca de 6,4 t ha-1 no final do período considerado. Dois meses após o fogo a taxa anual de perda de carbono era de 43,5 t ha-1 ano-1 contra 21,5 t ha-1 ano-1 após 6 meses, apresentando um ganho de 0,24 t ha-1 ano-1 após três anos em relação a situação existente na vegetação e no solo antes do fogo controlado. Apesar da severidade do fogo controlado ter sido classificada de baixa, três anos após a sua ocorrência ainda são visíveis os efeitos no armazenamento de carbono no sistema.
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