[Recensão a] Street, S. (2017). Sound poetics. Interaction and personal identity. Cham: Palgrave.

[Excerto] Há pelo menos duas maneiras particulares de falar do som como suporte de linguagem: por um lado, de um ponto de vista material, que salienta as propriedades físicas das ondas vibratórias produzidas e propagadas pelo ar; por outro, de um ponto de vista simbólico, que evidencia o caráter sig...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Oliveira, Madalena (author)
Format: review
Language:por
Published: 2018
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/1822/55339
Country:Portugal
Oai:oai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/55339
Description
Summary:[Excerto] Há pelo menos duas maneiras particulares de falar do som como suporte de linguagem: por um lado, de um ponto de vista material, que salienta as propriedades físicas das ondas vibratórias produzidas e propagadas pelo ar; por outro, de um ponto de vista simbólico, que evidencia o caráter significativo e cultural da expressão sonora. O primeiro inscreve-se no âmbito de uma espécie de engenharia do som, uma área que se tem desenvolvido em íntima conexão com técnicas de edição orientadas para uma certa elevação artística da produção de áudio. Nesse domínio, a música, como expressão maior da linguagem sonora, é, desde sempre, um campo de surpreendente exaltação da versatilidade plástica e estética dos estímulos auditivos. No entanto, outras áreas antes secundarizadas pela imagem têm favorecido, com especial acuidade nas últimas duas décadas, uma sensibilidade crescente para o valor do que se ouve, como a sonoplastia e o design de som. O segundo corresponde a uma extensão dos estudos sobre a construção de sentido e a interpretação aos ambientes sonoros, reconhecendo naquilo que o ouvido apreende um caráter sígnico, isto é, uma capacidade para produzir significados. Pode dizer-se que o primeiro ponto de vista pressupõe necessariamente o segundo. Em The sound handbook, por exemplo, Tim Crook não ignora a importância de refletir de forma articulada sobre as filosofias e as tecnologias do som (Crook, 2012). É, no entanto, talvez numa abordagem mais afetiva do que técnica que os estudos de som encontram hoje a sua principal fonte de inspiração.