Resumo: | O presente trabalho pretende centrar-se nas inovações militares de origem inglesa, que surgiram no decorrer das campanhas anglo-escocesas (1296-1328), tendo sido aprimoradas na Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e confirmadas na Guerra Civil de Castela (1366-1369), e ainda na sua aplicação em Portugal, mais concretamente na Batalha de Trancoso (1385). Esta batalha é pouco valorizada na História Militar de Portugal, tendo tido, no entanto, um papel de grande relevância no cenário político e militar, assim como na componente moral dos dois exércitos que se opuseram em Aljubarrota (1385). O objetivo desta investigação é identificar e caracterizar a influência inglesa no que concerne à tática e à organização militar nas batalhas portuguesas durante a crise de 1383-85, na Batalha dos Atoleiros (1384) e na Batalha de Aljubarrota (1385), e analisar, em particular, a Batalha de Trancoso (1385), com o intuito de perceber se as inovações resultantes da atividade militar inglesa estiveram presentes em Trancoso e, se sim, de que forma elas se manifestaram. A investigação foi conduzida com base numa abordagem diacrónica, tendo-se abordado a temática segundo o método de investigação histórica onde analisámos os factos cronologicamente, desde o momento em que surgem as primeiras inovações, nas campanhas anglo-escocesas, até à sua utilização na Batalha de Trancoso a 29 maio de 1385. Demos ainda uso ao método comparativo para ver que inovações são coincidentes nas diversas batalhas estudadas. Concluímos que, em Trancoso, estiveram presentes alguns dos fatores que caracterizam o modelo militar inglês do Século XIV. Ao analisar todos os fatores que definem a arte militar inglesa da época em estudo, verifica-se que a Batalha de Trancoso contém indícios da maioria dos seus princípios básicos, mesmo que não esteja presente a utilização do arco longo inglês, peça fulcral na resolução de muitas batalhas em que a Inglaterra participou.
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