Resumo: | A estenose aórtica (EA) é uma doenc¸a valvular e vascular sistémica, com elevada prevalência nos países desenvolvidos. A nova entidade «EA grave paradoxal, baixo fluxo/baixo gradiente» refere-se aos casos em que os doentes apresentam EA grave com base na avaliac¸ão da área valvular aórtica (AVA) ( ≤ 1 cm2) ou AVA indexada ( ≤ 0,6 cm2/m2), mas que paradoxalmente tenham um gradiente médio transvalvular baixo (< 40 mmHg), com baixo volume de ejec¸ão sistólico indexado (≤ 35 ml/m2), apesar de uma frac¸ão de ejec¸ão do ventrículo esquerdo preservada (≥ 50%). Foi realizada uma pesquisa através da base de dados da PubMed sobre a EA paradoxal no período de 2007-2014. Para a presente revisão foram incluídos um total de 57 artigos. A prevalência da EA paradoxal variou entre 3-35% da populac¸ão com EA degenerativa grave. Foi mais frequente no género feminino e nos doentes com idade mais avanc¸ada, e esteve associada a uma remodelagem característica do ventrículo esquerdo, bem como a um aumento da rigidez vascular arterial sistémica. Assinala-se a possibilidade de erros e imprecisões no cálculo da AVA pela equac¸ão da continuidade, que podem sugerir o fenótipo paradoxal. Existem outros métodos de diagnóstico que podem auxiliar no estudo da EA, como o score de cálcio, a avaliac¸ão da impedância valvuloarterial e o estudo da mecânica longitudinal do ventrículo esquerdo. Relativamente à história natural, não é claro que a EA paradoxal corresponda a uma fase avanc¸ada da doenc¸a valvular aórtica, ou se representa um fenótipo distinto com especificidades próprias. A terapêutica de substituic¸ão valvular, cirúrgica ou percutânea, pode estar indicada no doente com EA paradoxal grave e sintomática.
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