Summary: | O presente estudo assume como hipótese teórica que a sintomatologia psicopatológica e as dificuldades de regulação emocional dos progenitores influenciam negativamente a vinculação dos adolescentes ao pai e à mãe. De acordo com a literatura crianças expostas a pais com sintomatologia psicopatológica mostram-se mais vulneráveis ao desenvolvimento de um estilo de vinculação inseguro/desorganizado (Madigan, Bakermans-Kranenburg, Van IJzendoorn, Moran, Pederson, & Benoit, 2006), ocorrendo o mesmo perante a exposição a um sistema de prestação de cuidados adverso (Madigan et. al., 2006). De igual forma, as diversas estratégias de regulação emocional têm sido apontadas como fatores de risco ou de proteção, para o desenvolvimento de psicopatologia (Duarte, 2014). A presente investigação pretendeu analisar o efeito preditor da sintomatologia psicopatológica e das dificuldades de regulação emocional dos progenitores ao nível das dimensões de representação da vinculação ao pai e à mãe de adolescentes sinalizados numa CPCJ. A amostra envolveu 67 adolescentes (36 do género masculino e 31 do género feminino), com idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos de idade, e respetivos progenitores (67 pais e 67 mães), com idades entre os 31 e 56 anos. O estudo recorreu aos instrumentos de autorrelato, Questionário de Vinculação ao Pai e à Mãe (QVPM; Matos & Costa, 2001), o Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI; Canavarro, 1999), e por último, à Escala de Dificuldades de Regulação Emocional (EDRE; Coutinho, Ribeiro, Ferreirinha, & Dias, 2010). Os resultados demonstraram que os scores obtidos pelos progenitores nas subescalas falta de consciência emocional e falta de clareza emocional da EDRE se encontram significativamente associadas às dimensões da vinculação dos adolescentes (inibição da exploração e individualidade e qualidade do laço emocional na relação de vinculação do jovem à mãe). Relativamente à influência da sintomatologia psicopatológica dos progenitores nas representações de vinculação dos adolescentes verificou-se uma associação marginalmente significativa nas dimensões ansiedade, ideação paranóide e hostilidade de ambos os progenitores nas diferentes dimensões do QVPM, embora sem efeito preditor identificado. Conclui-se que, mais do que a sintomatologia psicopatológica, a capacidade de regulação emocional dos progenitores assume um impacto na predição do desenvolvimento de uma vinculação segura dos adolescentes e, consequentemente, um desenvolvimento adaptativo.
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