Os limites da Racionalidade em Paul Ricoeur: uma exploração a partir do tema da Esperança Escatológica

Cada autor ou autora passa, habitualmente, à história das ideias através de tópicos privilegiados que ocupam as luzes da ribalta ofuscando outros, porventura, igualmente determinantes na constituição do seu pensar. A memória, quer individual, quer colectiva, constrói-se sobre o esquecimento e alimen...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Henriques, Fernanda (author)
Formato: bookPart
Idioma:por
Publicado em: 2012
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10174/4549
País:Portugal
Oai:oai:dspace.uevora.pt:10174/4549
Descrição
Resumo:Cada autor ou autora passa, habitualmente, à história das ideias através de tópicos privilegiados que ocupam as luzes da ribalta ofuscando outros, porventura, igualmente determinantes na constituição do seu pensar. A memória, quer individual, quer colectiva, constrói-se sobre o esquecimento e alimenta-se dele, pelo que, por vezes, os temas mais conhecidos da obra filosófica de alguém podem constituir-se como um obstáculo a um conhecimento efectivo dessa obra na sua integridade ou integralidade. No que diz respeito a Paul Ricoeur, o Conflito de Interpretações é, incontestavelmente, a imagem de marca do seu pensamento hermenêutico, e, de um modo geral, pode dizer-se que não há qualquer estudo sobre a sua obra que não dedique alguma reflexão a esse tema e à sua importância na estruturação da sua filosofia hermenêutica. Na verdade, o Conflito de Interpretações representa, paradigmaticamente, a perspectiva de Ricoeur sobre os limites da racionalidade humana, evidenciando a sua constitutiva incompletude; contudo, há outras temáticas na obra ricoeuriana que apontam na mesma direcção, como é o caso do tema da Esperança Escatológica. Aliás, no meu entender, a Esperança Escatológica, para além de prefigurar a dimensão finita da razão humana, permite ainda compreender o conflito de interpretações em toda a sua radicalidade, ou seja, tomando-o como a representação do valor efectivo do negativo e da negação na constituição do pensar e do conhecer. Assente nesta leitura, o presente texto procurará, primeiro, configurar a temática da Esperança Escatológica tal como ela surge na obra de Paul Ricoeur, delimitando o seu quadro geral de inteligibilidade e chamando a atenção para os desafios que coloca ao conjunto da prática filosófica ricoeuriana; em seguida, mostrar de que modo essa temática pode levar mais longe a compreensão do Conflito de Interpretações.