Resumo: | O BDE-209 ou decaBDE é o retardador de chama mais bromado e é usado em diversos materiais tais como plásticos, têxteis e madeira para melhorar a resistência ao fogo. Este retardador de chama é já considerado um contaminante prioritário e pode ser encontrado em diversas matrizes ambientais, nomeadamente, em água. Apesar dos baixos níveis encontrados em água, o decaBDE tende a acumular-se em peixes, por exemplo. A toxicidade associada à exposição crónica a longo prazo já foi provada no modelo Zebrafish, mesmo a baixos níveis de concentração de BDE-209. A fotodegradação é uma importante via de degradação de contaminantes em águas naturais e essa fotodegradação pode, por um lado, remover os contaminantes do ambiente, mas, por outro lado, os produtos resultantes podem ser mais tóxicos do que o composto original. O objetivo principal deste trabalho foi conduzir o estudo da fotodegradação do BDE-209 em água em concentrações ambientalmente relevantes (5 μg/L), sob a ação de luz solar simulada, e avaliar a influência de substâncias húmicas. Até à data, não são conhecidos estudos da fotodegradação do BDE-209 em solução aquosa, mas há registo de que a natureza do solvente assume uma grande influência na sua fotodegradação. Assim, as mesmas experiências foram realizadas em etanol para se comparar o comportamento do BDE-209 em ambos os solventes, com as mesmas condições de irradiação. O estudo da fotodegradação de BDE-209 em água foi considerado importante mas praticamente impossível por alguns autores, devido aos problemas analíticos levantados pela reduzida solubilidade do composto e pela sua tendência para adsorver às paredes dos recipientes. Assim, o presente trabalho foi um desafio em termos do desenvolvimento de metodologias analíticas para a análise do BDE-209 e a deteção de fotoprodutos ao longo da irradiação. Duas metodologias foram testadas para a pré-concentração do BDE-209: micro-extração dispersiva líquido-líquido (sigla inglesa DLLME) e extração em fase sólida e vários detalhes experimentais foram otimizados para controlar fontes de contaminação e aumentar a reprodutibilidade. Os resultados permitiram as seguintes conclusões: a fotodegradação do BDE-209 foi mais lenta em água do que em etanol; foram detetados mais produtos de fotodegradação em água do que em etanol; as substâncias húmicas promovem o atraso da fotodegradação do BDE-209, principalmente em solução aquosa. Foram também feitas diversas considerações sobre possíveis vias de degradação. Adicionalmente foi conseguido um LOD de 523 ng/L com o procedimento de pré-concentração e análise em amostras aquosas DLLME – HPLC – UV. Com os resultados obtidos, um artigo foi submetido à Chemosphere e está em processo de revisão. Uma comunicação oral e um poster foram apresentados num encontro nacional e internacional, respetivamente.
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