Resumo: | O contexto pandémico provocado pelo coronavírus SARS-CoV-2 (COVID-19) combinado com o ambiente obesogénico em que muitas crianças se desenvolvem e a já elevada prevalência de obesidade infantil em Portugal, estão identificados como fatores de alto risco para o desenvolvimento ou agravamento da doença da atualidade mais prevalente na infância. A perceção parental do estado nutricional (EN) infantil, e, principalmente, a incapacidade dos pais reconhecerem o excesso de peso das suas crianças, tem sido apontada como outra razão para o aumento da obesidade infantil. O presente trabalho avaliou a perceção parental sobre o EN de crianças participantes no programa comunitário de base escolar, MUN-SI Cascais 2019/2020, durante o confinamento em contexto da pandemia da COVID-19 e analisou a prevalência de excesso de peso e obesidade parental antes e durante este período. Os resultados deste estudo mostraram que apesar de 35,4% dos inquiridos referir que, na sua perceção, o peso da criança aumentou durante o período de confinamento, mais de metade (61,1%) não demonstrou qualquer preocupação com um possível aumento ponderal neste período, nas suas crianças. As mães (maioria dos respondentes) reportaram um diagnóstico inicial de obesidade (3,6%) inferior ao verificado no período de pré-confinamento (7,5%). Foi ainda verificado um aumento estatisticamente significativo ( p<0,01) da prevalência de excesso de peso (de 24,7% para 39,4%) e de obesidade (+5,1%) nas mães, durante o confinamento. Assim, no contexto atual de pandemia da COVID-19, em que a modelagem parental está evidenciada e o excesso peso agravado, é importante que intervenções de abordagem de obesidade infantil incluam igualmente ferramentas de orientação que auxiliem os pais a avaliar com maior precisão o EN das suas crianças.
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