Summary: | Tendo por base um corpus de interações verbais presentes em programas de rádio portugueses constituídos por telefonemas de ouvintes que entram diariamente em antena, em período noturno, para dialogar com o locutor de rádio, procedemos à análise dos rituais verbais que contribuem para a manutenção da relação de poder institucional que se estabelece entre os interactantes do discurso na rádio. O presente texto considera as dimensões sequenciais e interativas dos atos de discurso, analisando as estratégias discursivas realizadas pelos locutores de rádio e pelos ouvintes que entram na emissão e que têm como objetivo não só o equilíbrio interacional com a salvaguarda da face, mas também a persuasão. Regularmente nestes contextos institucionais, os ouvintes realizam produções discursivas com um dispositivo conversacional específico do oral e com fenómenos linguísticos que revelam o envolvimento conversacional dos participantes na interação: hesitações, sobreposições da fala, repetições, diminutivos, intensificadores do discurso e narrativas de experiência de vida. Os locutores de rádio fazem a gestão do fluxo de progressão temática estabelecendo e zelando pela manutenção da coerência através da realização de intervenções de continuidade e da produção de sequências de pergunta-resposta. Estes são aspetos que contribuem para a manutenção da ordem interacional das emissões de rádio em análise e para a consolidação da relação interlocutiva.
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