Resumo: | O orgasmo é uma experiência subjetiva acompanhada por uma série de mudanças psicofisiológicas e sobre as quais ainda temos um conhecimento limitado. É assim crucial o desenvolvimento de novos estudos que permitam uma melhor compreensão deste fenómeno e a forma como o mesmo se relaciona com diferentes variáveis psicológicas e relacionais. Assim, o presente estudo pretende avaliar e explorar o papel da excitação/inibição sexual, funcionamento sexual, satisfação relacional e satisfação sexual nos diferentes tipos de orgasmo feminino numa amostra da população portuguesa. Um total de 161 mulheres portuguesas, com idades compreendidas entre os 18 e os 53 anos, participaram no presente estudo, 60 com a experiência de orgasmos múltiplos, 59 com a experiência de orgasmo único e 42 com dificuldades no orgasmo As participantes responderam a uma bateria de questionários disponibilizados através de um link online, os quais avaliaram cada uma das dimensões anteriormente mencionadas. Os resultados indicaram que as mulheres que experienciam orgasmos múltiplos têm um nível mais elevado de satisfação sexual (p < .001) e de satisfação relacional (p < .001). Adicionalmente, as mulheres com dificuldades no orgasmo revelaram menores níveis nas diferentes dimensões do funcionamento sexual (p < .001). Relativamente à inibição/excitação (p < .001), foi demonstrado que mulheres com maiores dificuldades no orgasmo apresentam níveis superiores de inibição sexual, enquanto que as mulheres sem dificuldades no orgasmo apresentem níveis superiores de excitação sexual. Finalmente, análises de regressão demonstraram que a satisfação relacional (β =. 32, p < .05) foi um preditor significativo da frequência de orgasmo múltiplo e que a excitação sexual (β =. 37, p < .01) foi um preditor significativo da frequência de orgasmo único. Os resultados do presente estudo demonstram a importância das diferentes variáveis na experiência do orgasmo e a sua influência significativa na forma como o orgasmo é experienciado, com e sem dificuldades. Espera-se que estes resultados possam contribuir para um aprofundamento do conhecimento em torno deste fenómeno, e que possam vir a ter implicações na forma como o mesmo é conceptualizado e alvo de avaliação e intervenção no contexto clínico.
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