Persistência da membrana pupilar: a propósito de um caso clínica

Introdução: A persistência da membrana pupilar resulta da involução incompleta da túnica vasculosa lentis. A cobertura quase total da pupila pela membrana pupilar é rara e, na maior parte dos casos, esporádica. Objectivos: apresentar a abordagem cirúrgica e curso clínico de um caso raro de uma crian...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Pedrosa, C (author)
Outros Autores: Feijóo, B (author), Pina, S (author), Azevedo, A (author), Santos, C (author), Prieto, I (author)
Formato: conferenceObject
Idioma:por
Publicado em: 2014
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.10/1117
País:Portugal
Oai:oai:repositorio.hff.min-saude.pt:10400.10/1117
Descrição
Resumo:Introdução: A persistência da membrana pupilar resulta da involução incompleta da túnica vasculosa lentis. A cobertura quase total da pupila pela membrana pupilar é rara e, na maior parte dos casos, esporádica. Objectivos: apresentar a abordagem cirúrgica e curso clínico de um caso raro de uma criança de 3 meses com oclusão total do orifício pupilar por persistência da membrana pupilar. Métodos: Criança de 3 meses de idade, sexo feminino, raça negra, saudável. Foi encaminhada para a consulta de oftalmologia por “ausência de pupila” desde o nascimento, segundo os pais. Sem história familiar de patologia semelhante. À observação era visível a oclusão total do orifício pupilar do olho direito. À observação pela lâmpada de fenda o olho direito (OD) mostrou presença de membrana densa, de cor acastanhada, com aderência a toda a extensão da margem pupilar excepto pequena zona livre justa-pupilar às 3 horas (figura x). Sem dilatação pupilar após administração tópica de fenilefrina. Observação do fundo ocular impossibilitada pela oclusão total do orifício pupilar. O olho esquerdo (OE) não tinha evidência de membrana pupilar ou alterações na câmara anterior e a fundoscopia era normal. A pressão intra-ocular era 10 mmHg em ambos os olhos. Perante a presença de membrana pupilar com oclusão total do orifício pupilar, e depois de explicadas as várias opções terapêuticas aos pais, optou-se pela intervenção cirúrgica para remoção da membrana. Para além disso foram realizadas ecografia, biometria (figura x) e observação do fundo ocular no mesmo tempo cirúrgico. Realizou-se pupiloplastia através 2 paracenteses com remoção da membrana com espátula, micro tesoura e material visco-cirúrgico. Durante todo o procedimento acautelou-se possível toque no cristalino, que aparentemente era transparente. O fundo ocular revelou-se normal e o comprimento axial medido por ecografia era 19.42 mm no OD e 19.57 mm no OE. Resultados: No pós-operatório imediato a córnea estava turva, com aumento da tonicidade à palpação digital, não mostrando no entanto reacção inflamatória significativa. A pupila era regular e a câmara anterior profunda. Medicou-se com antibiótico, corticóide e anti-hipertensor tópicos. A terapêutica foi reduzida gradualmente. Um mês após a cirurgia, apresentou discreta membrana inflamatória às 9 horas com eixo visual livre e sem reacção inflamatória na câmara anterior. O cristalino era transparente e a PIO normal à palpação digital. Manteve-se terapêutica com corticóides tópicos, que foi depois reduzida gradualmente. Os cartões de Teller revelaram discreta diferença entre os dois olhos. Iniciou-se oclusão do olho esquerdo 1 hora por dia, todos os dias. Seis meses após a cirurgia a criança apresentava olho direito calmo com pupila centrada, regular e reactiva à luz. Os cartões de Teller revelaram acuidade visual semelhante nos dois olhos, pelo que a oclusão do olho esquerdo passou a realizar-se apenas 1 hora, dois dias por semana. Conclusão: Neste caso raro de oclusão total da pupila numa criança de 3 meses, torna-se imperativa a intervenção cirúrgica o mais brevemente possível. Desta forma, é maior o benefício, ao evitar-se o desenvolvimento de ambliopia, do que o risco de complicações como catarata. Os resultados nesta doente, com um follow-up de apenas 6 meses, são até agora muito satisfatórios.