Resumo: | As áreas estuarinas são zonas muito interessantes uma vez que constituem barreiras naturais à erosão costeira, servem de habitat para uma ampla variedade de espécies. Por estas e por outras razões, estas zonas tornaramse muito atrativas para o estabelecimento do ser humano, promovendo, de uma forma geral, o desenvolvimento urbano, industrial e agrícola. Consequentemente, a vulnerabilidade dos ecossistemas pela exposição aos mais diversos poluentes aumentou consideravelmente. De entre esses poluentes destaca-se o mercúrio, um metal de alto risco para a saúde humana incluído na “Lista de Substâncias Prioritárias” na Diretiva Quadro da Água. O mercúrio é um metal tóxico proveniente de fontes naturais e antropogénicas. Nos sapais, grande parte deste mercúrio fica depositado em sedimentos mais superficiais, apresentando um elevado grau de toxicidade para a biota aí presente. Esta elevada deposição influencia obviamente, e em grande medida, as comunidades microbianas presentes neste ambiente. As comunidades microbianas presentes nos sedimentos podem estar ou não associadas à rizosfera de plantas. Este fato causa diferenças a nível estrutural nestas mesmas comunidades pelas diferenças nutritivas existentes quando na presença ou ausência de planta. Por outro lado, pensa-se que a planta desempenha um papel desintoxicante do mercúrio dos sedimentos. O papel da planta nas comunidades, quer na transformação do mercúrio quer na modificação do estado nutricional podem ser fatores importante na composição destas comunidades. Este trabalho tem como objetivos estudar a diversidade, equitabilidade e dinâmica de comunidades bacterianas de microcosmos com sedimentos contaminados com mercúrio e analisar o efeito da planta na diversidade e dinâmica destas comunidades microbianas. Para tal, foi utilizada uma abordagem independente do cultivo baseada na técnica de PCR-DGGE. A análise de clustering das amostras e os valores obtidos para os índices de diversidade e equitabilidade, apontam para uma grande influência da rizosfera da planta na estrutura das comunidades microbianas associadas, relativamente a comunidades microbianas de sedimentos não colonizados. A estratégia utilizada parece ser apropriada pela sua reprodutibilidade e robustez, permitindo uma imagem clara dos tipos bacterianos selecionados pelo respetivo ambiente.
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